6 de agosto de 2010

Wacken Open Air, Luebeck, Alemanha – 05/08/2010

“Não tenho dinheiro no bolso, eu não tenho nada. Apenas um lenço molhado de lágrimas...”

Helsinque, Finlândia

Após todos o contra-tempos (tem hífen?) que aconteceram no Sonisphere Festival, no Knebworth Park, como câmera, camisas e vôos perdidos, as coisas tinham que dar certo dessa vez rumo ao Wacken, maior festival de heavy metal do planeta. Pra ser honesto, depois de tudo que já passei, eu simplesmente não penso em nada negativo e, se vier a acontecer de novo, paciência. Mantenho a calma e resolvo. Tem sido assim e espero que continue. Desde que a única pessoa que amei na vida me traiu de uma forma chocante. Mas, quis a vida que isso fosse um motivo pra eu finalmente deixar de chorar e resmungar pelos cantos e passar a encarar as coisas de forma mais adulta. Como ela mesma tanto pedia, deixei de ser uma criança e me tornei um homem. Obrigado, pessoa ruim. Foi por causa da sua maldade que finalmente reagi às coisas ruins e mudei radicalmente minha forma de lidar com tudo. Obrigado, pessoa ruim. Você me transformou numa pessoa muito mais forte que não desanima nem se entristece mais com nada. Obrigado pessoa ruim. Você matou alguém que não era ruim, mas frágil e fez nascer uma espécie de super-homem (tem hífen?). Obrigado pessoa ruim.







Saímos correndo ao final do show do Maiden no Sonisphere Festival, Knebworth Park, Stevenage, Inglaterra, pra pegar o ônibus gratuito do festival que nos ligava a estação de trem de Stevenage. Pouco menos de 10 minutos de viagem pra pegarmos um trem de aproximadamente 20 minutos rumo a estação de ônibus de London Bridge e de lá, nos ligar a estação de trem pra, finalmente, chegarmos ao aeroporto de Gatwick, Londres, Inglaterra, rumo a Hamburgo, Alemanha. Hamburgo, pois era a cidade mais próxima de Luebeck, onde aconteceria o Wacken. Felizmente, tudo certo no vôo de cerca de 1h30 de Londres a Hamburgo. Dessa vez, consegui até dormir, já que, como devem ter percebido, passei a madrugada viajando de ônibus e trem pra chegar a tempo no aeroporto e não dar chance ao viado do azar me abraçar por trás novamente. Chegando a Aeroporto de Fuhlsbuttel, Hamburgo (terceira cidade da Alemanha nessa minha viagem maluca, já que havia passado anteriormente por Berlim e Stuttgart, ainda que, essa segunda, apenas pra fazer uma conexão), lá fomos nós ao nosso, já então, lugar comum, “Tourist Information”. Felizmente, apenas uma mudança de trem pra chegar à estação de destino, rumo ao albergue. Facinho, barato (cerca de 2 euros) e rapidinho (cerca de 20 minutinhos) dessa vez. Mas, achar o albergue não foi lá tão fácil. Penei cerca de 1h, mas, perguntando aqui e ali, achei o infeliz. Mais parecia um hotel, já que eram 7 andares com uns 20 quartos por andar que tornava o lugar um verdadeiro labirinto. Tava tão cansado que, a única coisa que quis fazer na segunda, foi tomar um longo banho quente, comer algo e dormir. E assim o fiz por cerca de 16h. Nada mal. Na manhã de terça, a missão era achar um supermercado pra comprar comida suficiente pra terça, quarta e quinta, já que esse albergue não oferecia café da manhã e cobrava 4 euros pelo mesmo. Que feio! Pelo mesmo valor comprei comida pra 3 dias, incluindo, minhas recentes e inseperáveis amigas de economia: bananas. Mas, encontrar a porra do supermercado foi quase uma missão impossível. Até perguntei aos cinco alemães bagunceiros que dividiam o albergue comigo, mas não entendi picas. Demorei cerca de 2h pra achar não um só, mas uma rua inteira deles. Tava com tanta fome que antes, tive que apelar pro McDonald’s, mesmo A rua dos supermercados ficava logo atrás da McDonald’s, mas, o idiota aqui, só encontrou depois, claro. Ow, Júnior!!







Comida comprada, finalmente de volta ao albergue pra tomar outro looongo banho quente, comer bem e passar horas e horas traçando os próximos detalhes das próximas viagens (não tava quente em Hamburgo, a propósito. Tava friozinho. Uns 15 graus), rotas a traçar, custos, aeroportos, trens, ônibus, horários, contas a pagar, mãe pra falar, a putaria de sempre que, amanhã, já completa dois meses e ainda tem mais 1 mês e meio pela frente. Os dois primeiros passaram muito rápido e, honestamente, espero que esse mês e meio restante, passe igualmente rápido. Ok, é divertida essa minha viagem solitária completamente maluca e sem noção pela Europa, mas envolve muuuitas informações pra uma pessoa só. E sempre sozinha, como eu. Sou eu, eu mesmo e eu de novo. É divertido, mas cansativo e maluco. Muuuitos quilômetros caminhados a pé, noites sem dormir, economia máxima com alimentação, albergues e transportes, etc. Mas, fui eu mesmo que escolhi isso, então, agora, eu vou até o fim. Não tenho do que nem a quem reclamar. Vamos lá que conseguimos!!

Após horas e horas em frente ao notebook, me permiti um pequeno passeio por Hamburgo a noite. Saí pouco depois das 0h, tempo suficiente pra pegar o último metrô. Reeperbahn era o nome do destino da vida noturna da cidade. Já sabia que lá era bem famoso por ser o distrito da rua vermelha, centro da putaria na cidade, com as famosas prostitutas em vitrines como em Amsterdã, Holanda. Mas, nem só de putaria vive o bairro, já que lá é o mesmo local de vários bares. Foi, inclusive, a primeira vez que os Beatles tocaram foram da Inglaterra. Foi lá que começou a Beatlemania, inclusive, há um monumento na praça em alumínio, em homenagem aos caras. Cada silhueta de alumínio simbolizando um integrante. Coincidência ou não, o Brasil inteiro estava lá, hehe. Nunca me senti tão em casa como nessa viagem, hehe. Não eram um ou dois, eram mais de vinte cuecas brasileiras, todos no mesmo bairro da putaria, hehe. Fui encontrar lá, meu amigo Arthur, convidado especial e único representante do Brasil a tocar no Wacken com sua banda, Cangaço. Um feito histórico pra eles. Parabéns. O mais importante, sem pagar nada, sem ganhar também, mas com toda viagem paga. Tem orgulho maior? Há uma música do Maiden que se chama “22 Acacia Avenue” que conta uma história de todos os homens que, acabam, cedo ou tarde, pagando pelos “serviços” desse tipo de lugar ao menos uma vez na vida. Como diz uma parte da música: “There’s the place where we all go...” Após horas de tiração de onda, poucos se dispuseram a pagar mais de 250 euros pra “conhecer” as “moças” das vitrines, hehe. Sem maldade, mas ao mesmo tempo com maldade, a maioria tinha apenas uma escolha, ou comia as moças ou comia comida nos próximos dias, hehe. Nessa minha viagem econômica ao extremo, isso me sustenta por uns 20 dias, então, eu tinha uma escolha, ou comia, dormia e me transportava ou...entenderam, né? Hehe.

Aos poucos, cada um foi pro seu lado e, como é o caminho natural da minha viagem, fiquei só. Tive que esperar até as 5h da manhã, hora do início do metrô, pois não podia me dar ao luxo de pagar cerca de 15 euros pra voltar ao albergue de táxi e assim o fiz. Mas, esperei pouco mais de 1h e resolvido. Apenas 1,30 euros. Boa economia. Cheguei cerca de 6h, já da quarta, tomei meu banho, comi e lona. O plano era acordar tarde e, logo cedo, na quinta, pegar o transporte pra Luebeck, cidadezinha perto de Hamburgo onde aconteceria o festival. Cerca de 2h de trem e ônibus ou quase 100 Km. Lá estava na noite de quarta no hall do albergue passando o tempo quando apareceu uma mulher me perguntando se eu ia pro Wacken. Disse que sim, mas apenas na manhã do dia seguinte. Ela falou que tava indo naquela hora (madrugada de quarta pra quinta, cerca de 2h da manhã) e, que se eu quisesse ir, tinha espaço no carro dela. Perguntei quanto, ela disse que era de graça. Como bom brasileiro, fiquei desconfiado, mas fui. Subi pro meu quarto, arrumei minhas coisas, fiz o check out e lá fui com a maluca. Temak o país da figura. Perto da Suécia. Nem sabia que existia. Antes que me perguntem, não, eu não comi. A mulher era o Satanás. Dois metros de altura por uns dois de largura e fedia como o alemão hippie-peidão da nossa curtíssima viagem de 14h30 de Barcelona a Zurique, lembram? Mas, ao menos a monstra me deu uma ajudona, não é? De carro, o caminho foi feito em 1 ao invés de 2h e de graça, ao invés de cerca de 20 euros. Era fã do Maiden e fomos ouvindo o The Number of the Beast na íntegra. Boa trilha sonora pra uma viagem pelas famosas autobahns alemãs a 120 Km/h. Pura aventura. Ainda deu tempo de ouvir as três primeiras músicas do The X Factor. Nada mal. O negócio era que, como chegamos lá por volta das 4h da manha, eu teria que dormir, já que não tava descansado pra esperar 12h pelo primeiro show da quinta, por volta das 16h, e não teria energia pra tanto, já que teria que virar a noite seguinte pra sair direto do show do Maiden rumo ao aeroporto pra, infelizmente, sacrificar dois dias do Wacken, pra seguir rumo a Finlandia, seguindo o Maiden na sua turnê européia de aquecimento pro novo álbum, The Final Frontier que será lançado no dia 16 desse mês. Como tinha guardado o saco de dormir da Inglaterra, me ensaquei dentro dele com mochila, pedi ajuda aos meus amigos apraz e aprazolan e dormi por ali mesmo. Torci pra não chover, fechei os olhos e desliguei a cabeça. Acordei por volta das 12h com um bando de bêbados do mundo todo passando ao lados das barracas gritando “Waaaacken” (foi o que mais se ouviu durante o dia...). Dei um tempo, fui ao benheiro, comi e lá fui eu pra meus 20 minutos de caminhada pra chegar aos palcos. No caminho, achei um pessoal bacana do Piauí e acabaram me fazendo companhia. Muito bacana o pessoal. No caminho, achei a maluca inglesa que conheci na Inglaterra que me cedeu as fotos da câmera dela que me pediu pra tirar as mesmas, porque ela não sabia usar a câmera, hehe. Sorte a minha, hehe. Entrei com os caras do Piauí e lá ficamos esperando o primeiro show grande do dia no palco principal: Alice Cooper. A tia Alice fez um típico show ao seu estilo. Bem teatral, bem divertido. Cheio de efeitos. Meio vagabundos, verdade, mas super bem-bolados e divertidos. Conseguiu levantar o selvagem público do Wacken. Europa toda lá. Muita gente do Brasil. Muita gente maluca, como sempre e claro, muitos bêbados, hehe. Foi meio irritante assitir a esse show, porque não parava de vir gente surfando por cima de você o tempo todo. Quando se menos esperava, lá vinha mais um viado e tome pesada na sua cara distraída. Tiveram poucas, mas corajosas meninas que fizeram o mesmo. Não preciso dizer que a galera não perdoava, né? Quando tavam de saia então...bem, era dedo até o útero das corajosas. Bem, vocês entenderam...

E assim se seguiu até o fim do show do Alice Cooper. Logo após, no segundo palco, o Motley Crue tocaria. Como não gosto da banda, assim como no Sonisphere Festival da Inglaterra, no Knebworth Park, não fiz muita questão de ver nada além de momentos dos shows. Os caras do Piauí, porém, queriam ver e assim, nos separamos e combinamos de nos encontrarmos depois do show do Maiden na barraca. Falaram que podíamos nos encontrar no show do Maiden, onde estávamos no Alice Cooper, relativamente perto do palco, mas eu falei que era impssível. Não deu outra. O lugar super lotou e chegar num local visível do show deu trabalho. Muuuito trabalho. Mas isso fica pro próximo post, claro, exclusivo sobre o show do Maiden no Wacken. Maior banda de metal do planeta no maior festival de metal do mundo. Útil ao agradável.

PS: Escrevi esse texto entre três países diferentes. Comecei a escrever quando ainda estava no aeroporto de Hamburgo, na Alemanha. Depois, mais um pouco no vôo, depois, em Riga, na Letônia, onde fiz uma conexão e, finalmente, aqui em Helsinque, Finlândia, de onde falo com vocês agora. Como o aeroporto é quieto, a internet wi-fi é ótima e de graça, tive a brilhante $$ idéia de passar a madrugada aqui e só ir pro albergue amanhã e, assim, economizar 25 euros. Fico falando com vocês aqui que o tempo passa mais rápido.

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