7 de outubro de 2011

Rock in Rio Parte III - Guns N' Roses

" 'Cause nothing last forever, even cold november rain..."

Recife, Brasil


Sobre o show do Guns N' Roses no Rock in Rio. Apesar de tudo, o show foi muito, muito bom. Temporal, cansaço, esgotamento, tensão crescente (pra quem estava lá) de não haver o show que começou quando deveria estar acabando. A chuva, ou melhor, o temporal, caiu com gosto e alagou o palco. O fato da banda ter tocado, mesmo com todos os atrasos e chiliques do Axl "Bomba relógio" Rose, devido a intensidade da água que caia sem trégua, por si só, já foi histórico. Ainda mais pelo fato da chuva (temporal) não ter dado trégua em nenhum momento.

Mas apesar de todos os contras, foi um senhor show. Típico do Guns N' "perigo" Roses. Ter tocado "Estranged" foi como o Iron Maiden tocar "Alexander the Great" (implorada há anos e até hoje, nunca tocada). Pedida pelos fãs numa campanha na internet e atendida pelo Axl "Temperamental" Rose, depois de 18 longos anos sem tocá-la, eis que a lenda se tornou real. Isso já valeu 80% do show. E a música foi executada perfeitamente. Banda e vocal. Nenhum erro. Uma coisa é ver pela tv, outra é estar lá no meio de 100 mil pessoas apertadas, molhadas, insanas e esgotadas, mas em extase pra ver o show.

E tem outro enorme detalhe. As pessoas querem o Axl Rose de 30 anos quando ela tá com 50. Isso jamais vai acontecer. Isso acontece com os fãs. A gente sempre espera que uma banda clássica seja a mesma 20 ou 30 anos depois, mas isso nunca mais vai acontecer. Nós mesmos, chegando ou já chegado aos 30 não somos mais os guris de 15 anos. É a ordem natural desse negócio que chamam de vida. A gente muda, amadurce, ENVELHECE. O tempo não para. É errado querer "usar sua ilusão" e achar que em 2011 se verá o Guns N' Roses de 1991 ou querer que o Led Zeppelin de 1975 volte em 2011 como era no passado. Não, não vai. O tempo passa e até os ídolos envelhecem. O tempo não perdoa ninguém. Só se é jovem uma vez na vida.

A transformação de simples bandas em lendas não conserva seus integrantes, não faz o tempo parar. Não os torna eternamente jovens. Não, não vai acontecer. Passou, os tempos são outros, as pessoas ENVELHECEM. O Axl é só mais um a ENVELHECER. É preciso aceitar isso. Sobre o atraso, os ataques de fúria, excentricidades e afins, não é puxar o saco, porque todo mundo sabe que a minha banda de coração é o Iron Maiden, mas, o cara É assim.

Não é forçado e artificial como todas essas bandas superficiais e ruins de hoje em dia. Sim, o cara É difícil, É problemático, É uma bomba-relógio, É desrespeito com os fãs, tanto pelos atrasos, chiliques, etc. Mas, esse É o Axl Rose. Perturbado, explosivo, uma eterna e imprevisível bomba-relógio-humana. Nisso ele nunca vai mudar. Esse É o Axl Rose de 2011. Um velho de 50 anos que não tem mais a voz, beleza nem o fôlego de 30 anos. Porém, que mesmo com todos esses contra, ainda leva 100 mil pessoas aguardarem 13h molhadas e egostadas para vê-lo. O que nunca vai mudar é seu eterno "apetite pela destruição." Isso é Axl Rose. Simples assim.

Set List Guns Rock in Rio 2011

01.Chinese Democracy
02.Welcome To The Jungle
03.It's So Easy
04.Mr. Brownstone
05.Sorry
06.Richard Fortus Guitar Solo (James Bond Theme)
07.Live and Let Die (Paul McCartney & Wings cover)
08.Rocket Queen
09.Instrumental Jam
10.This I Love
11.DJ Ashba Guitar Solo (Mi Amor)
12.Sweet Child O' Mine
13.Estranged
14.Better
15.Dizzy Reed Piano Solo (Baba O'Riley by The Who)
16.Street Of Dreams
17.You Could Be Mine
18.Instrumental Jam (Sunday Bloody Sunday by U2)
19.November Rain
20.Bumblefoot Guitar Solo (Pink Panther Theme)
21.Knockin' On Heaven's Door (Bob Dylan cover)
22.Nightrain

Bis:

23.Patience
24.Paradise City

Rock in Rio Parte II - Detonautas, Pitty, Evanescence, System of a Down e Guns N' Roses, Rio de Janeiro

"Do you know where you are? You're in the jungle, baby. You're gonna die!!"

Recife, Brasil

Fiquei tanto tempo deitado na grama que minha bunda ficou dormente. So fui levantar pra dar uma andada durantes os shows do Detonautas e da Pitty pra dar uma estudade de qual seria o melhor lugar pra assistir ao show do Guns. Constatei que estava fodido. Por mais perto que chegasse do palco, ainda assim ficaria distante e, no alto dos meus 1,70 com um bando de vara-paus na minha frente, visibilidade seria uma coisa complicada. Baixinho só se fode em festival.



Andei, andei e deitei de novo. Comi, fui ao banheiro, andei de novo e, por mais que economizasse energia, o cansaço já vinha cobrar sua conta. Eu tinha acordado às 12h do sábado e desde então, não tinha dormido. Breves cochilos frustrados e nada mais. E ainda eram 22h...Mas, firme e forte. O show do Evanescence foi o primeiro no palco mundo que quis ver e assim o fiz. Fui me infiltrando no meio da multidão até ficar num lugar relativamente bom. É, amigão. 100 mil pessoas sem regalias de pista vip ou arquibancadas e camarotes, é gente pra caralho!!



O show do Evanescence foi burocrático. Nâo empolgou, mas também não entendiou. O público respeitou a banda. É inegável o talento da guria, a tal da Amy Lee. A guria agita e canta pra caralho. Gostando ou não do som do Evanescence, é inegável a capacidade da guria. Até porque, além de cantar e agitar muito bem, a cidadã compõe as músicas e escreve as letras. Ponto pra ela. Após uma hora e dez, o Evanescence se foi e deu lugar à espera pelo System of a Down. Havia bastante gente querendo assistir a essa banda. Das novas, tem até um som um pouco interessante, mas, ainda assim, não consegue tocar o meu chato coração. A banda entrou no palco pouco antes das 23h e fez um show de quase 2h. Ok, era a primeira vez deles no país, mas acho que uma banda tem que saber a hora de acabar um show. E o System of a Down não soube. O show foi longo demais e, mesmo pra quem era fã, o show se tornou tedioso e irritante. Acho que não foi lá o show dos sonhos. Até pra quem era fã. Nunca fiquei tão feliz com o fim de um show. Finalmente era a hora do Guns N' Roses.



O show do Guns deveria começar por volta das 0h50. Essa foi a hora que o show do System of a Down acabou...Pra completar o cansaço, pouco depois das 1h, começou um chuvisco que aos poucos se transformou em temporal. E interminável. As pessoas já estavam esgotadas e agora, ensopadas. Por mais fã que se seja duma banda, há certas ocasiões que é preciso ter energia desumana pra aguentar o tranco. As pessoas começaram a ficar impacientes e vaiar. A chuva só aumentava e alagava o palco. Honestamente, pela intensidade da chuva, passei a acreditar que o show seria cancelado. A chuva era forte demais e o palco tava muito molhado. Conhecido por ser um cidadão explosivo, instável e complicado, além de atrasar sempre e ser uma verdadeira bomba-relógio, Axl Rose poderia muito bem não fazer o show. Se isso tivesse acontecido, não tenho dúvidas que haveria uma confusão generalizada e literalmente acabaria em merda. É impossível controlar uma multidão de 100 mil pessoas cansadas, putas da vida e insatisfeitas. Mas, apesar do atraso massacrante, finalmente, por volta das 2h40, o Guns entrou no palco com explosões e um público morto, mas ainda maluco. Axl entrou com uma capa amarela e a cada pisada no chão, voava água pra todo canto. O palco parecia mais uma piscina.



Por cerca de 2h30, a cidade do rock ouviu os velhos clássicos do Guns N' Roses. Ok, o Axl não é o mesmo. O símbolo sexual que deixava as gurias malucas e histéricas não soube envelhecer e hoje é um velho excêntrico, gordo e cheio de plástica. Quando o telão focava seu rosto, uma olhar quase psicopata chegava a assutar. Um show que por pouco não aconteceu, entrou pra história como mais um espetáculo de Mr. Axl Rose. Horas depois, soube-se que ele perdeu o primeiro vôo pro Rio de Janeiro e chegou pro show após ter sido trazido por urgência em um vôo fretado, chegando na cidade, apenas algumas horas antes do show. Houve a possibilidade também dele pagar uma multa e cancelar o show. Com o temporal que caiu e não parou um minuto sequer durante todo o espetáculo, ter acontecido o show, já foi válido. Às 5h10 da manhã chegava ao fim esse eterno "apetite pela destruição" de Mr. Axl "bomba-relógio" Rose.

5 de outubro de 2011

Rock in Rio Parte I- Detonautas, Pitty, Evanescence, System of a Down e Guns N' Roses, Rio de Janeiro - 02/10/11

"Eu me sinto um estrangeiro. Passageiro de algum trem. Que não passa por aqui. Que não passa de ilusão..."

Recife, Brasil

Nossa aventura, rumo ao Rio de Janeiro pra maratona do último dia da quarta edição do Rock in Rio, começou na noite anterior, pois meu vôo partiria às 6h40. Minha querida mana, mais conhecida como Foca, gentilmente me cedeu seu apartamento como dormitório devido a proximidade em relação ao aeroporto. No sábado a noite já estava por lá e, enquanto o Maná subia ao palco do Rock in Rio, ao vivo pela TV, eu decidia ir assistir a um filme no Shopping Recife. Às 23h30 dum sábado, sozinho, sem ninguém encher o saco dizendo o que tenho que fazer, é claro que a escolha foi pelo remake de "A hora do espanto". Ok, só haviam treze pagantes contando comigo, mas, como bom anti-social, isso pra mim foi um privilégio e não uma motivo de tristeza. O filme é bem o que se espera dele. Terror com pitadas de humor. Nenhuma obra de arte. Apenas um filme qualquer que atinge ao seu objetivo de entreter, fazer rir e nada mais. Gosto de andar sozinho pela madrugada e esse foi o meu itinerário de volta ao apartamento da minha mana às 1h30 já do domingo, dia da viagem.



Meu vôo sairia às 6h40, deveria estar no aeroporto às 5h40 e, por segurança, deveria sair às 5h do prédio da minha mana. Depois do filme, cheguei lá por volta das 2h. Sendo assim, decidi virar a noite e esperar as 5h pra sair. Assim o fiz. Um ônibus rápido e às 5h20 já tava no aeroporto, às 6h no avião e às 6h30 levantando vôo. Tudo muito rápido. Fui sorteado com as duas poltronas do meu lado vazias, o que, obviamente, me fez usar desse privilégio, me deitar e passar toda viagem assim. Ainda assim, nenhuma horinha de sonho. Sem chance, sem remédio pra dormir, não há a mínima condição d'eu apagar em aviões. Sem chance. Apesar de tudo, vôo tranquilo.



Algumas pessoas estavam indo pro Rock in Rio no mesmo avião. Uma guria de uns dezesseis anos com a camisa da Pitty, cabelo piaçava super espichado, picotado e pintado. Pra completar o kit adolescente-pobre-retardado-pseudo-revoltado, sombra nos olhos. Uma chiqueza só. Ao lado, claro, mamãe acompanhando a malvadona de mão dada. Cena mais meiga. Én én. Apesar de nenhum mísero minuto de sono, às 9h40 já tava no Rio. Do Aeroporto Internacional do Galeão, pegamos um ônibus até o terminal Alvorada e de lá, mais um, direto, rumo à cidade do rock. Tudo muito rápido e organizado. Às 12h20, quase três horas depois (sim, em relação ao aeroporto, a Barra da Tijuca, onde foi construída a cidade do rock, fica ali depois da casa do caralho, mas, por incrível que pareça, as quase três horas passam rápido) lá estava eu, em frente ao histórico retão do autódromo de Jacarepaguá onde, pra quem é fã de Fórmula 1 como eu, lembra muito bem de pegas históricos nessa pista.



Ow saudade. Ow bons tempos que não voltam mais. Sim, o final da fila estava ali. Bem pertinho da entrada da cidade do rock. Coisa perto, coisa de 3 Km's. Logo ali depois da casa do cacete. Ao menos o tempo tava nublado e não tava quente. Caso contrário, provavelmente, além de derreter ao sol, já entraria no Rock in Rio cansado e mais vermelho que camarão. Na fila tinha de tudo. Conheci um carioca que era igualzinho ao irmão do Lewis Hamilton da Fórmula 1 e dois caras lá do Mato Grosso do Sul. Um deles, disse que o pai tinha ganhado na sena, anos antes. Segundo ele, disse até quanto foi o prêmio, cerca de 4,5 milhões de reais. O cara era matutão, simples e gente boa. Não sei se era ator, mas parecia não estar mentindo nem se gabando. A questão é que as histórias com meus novos coleguinhas do Mato Grosso do Sul e do Rio de Janeiro, renderam tempo suficiente pra fazer as três horas de fila passar bem rápido. Por volta das 15h30 consegui, finalmente, entrar na famosa cidade do rock. No meio da muvuca, me perdi dos meus coleguinhas. Como sou um lobo solitário anti-social que não gosta de gente, como todos vocês tão enjoados de saber, não foi nenhuma catástrofre pra mim ficar sozinho.



Dei uma volta pelo imenso lugar, tirei umas fotos e resolvi simplesmente poupar energia. Sem cerimônia, deitei no confortável gramado sintético, botei a mochila como travesseiro e dormi. Tava totalmente nublado e com uma temperatura legal. Consegui tirar um bom cochilo, afinal, eram cerca de 16h e o primeiro show do Palco Mundo só começaria às 19h. O show que esperava assistir, o Guns N' Roses, sem atraso, começaria por volta das 1h. Mas, sabendo dos chiliques da diva, Axl Rose, não esperava que ele entrasse no palco antes das 3h. Não estava errado, afinal...