20 de julho de 2010

Lisboa, Portugal II - 11-20/07/2010

"Amanhã numa cidade diferente, não haverá diferença no ar, as noites passarão do mesmo jeito, as estrelas estarão no mesmo lugar...como se chama essa cidade, como se chama a atenção de uma cidade que dorme, enquanto a gente infelizmente não..."

Barcelona, Espanha

Já tava ficando triste em Lisboa, Portugal, por ter tido a oportunidade de ir, mas pouco conhecer. Após o show do Deep Purple, tive um problema no meu cartão de crédito e fiquei liso, sem poder tirar dinheiro. Me restavam apenas 12 euros na carteira pra passar mais 4 ou 5 dias. Tudo bem que quando fizesse o check out do albergue, teria mais 10 euros guardados por ele pelo seguro da chave, mas, na prática, teria 12 euros pra me virar por quatro dias. Ainda bem que já tinha pago o albergue e comprado comida suficiente até o dia da minha partida. Porém, a economia mode on++ teria que ser enorme. E assim fiz. O negócio era passar os dias no albergue e fazer curtos passeios a pé mesmo com água na mão, sanduíches e biscoitos e nada mais. Passagens, entradas pra museus, lembrancinhas e afins, estavam, infelizmente, fora de questão.







Porém, minha sorte, mais uma vez mudou ao sabor do vento. Começou como azar e virou sorte. Fui dar um giro no sábado a tarde e, no caminho, achei uma sul africana desesperada. Segundo ela, não conseguia achar lugar pra trocar dinheiro e ninguém falava inglês. Ficou feliz quando comecei a falar com ela. Não que meu inglês seja perfeito, o que tá beem longe, mas foi o suficiente pra entende-la e vice-versa. Segundo ela, precisava ir ao aeroporto, voltar ao albergue pra pegar as malas (que era o mesmo que o meu) e de lá, voltar ao aeroporto novamente pra pegar o vôo. Fiquei com pena e emprestei os únicos 10 euros que me restavam. Segundo ela, tava de volta em meia hora, pediu o número do meu quarto, meu nome e disse que devolveria quando voltasse. Mais alguns segundos depois, pensei comigo mesmo: "Burro! Tá ligado que nunca mais verás as caras desses 10 euros e, a partir de agora, tás completamente liso, não é?! Fodeu!! Burro!!" É claro que acertei. Na volta, nem sinal da sul africana. Mas, os ventos me sopraram uma sorte dos diabos logo depois. Tava eu lá, de volta ao albergue em auto-análise de como um bom coração pode ser ingênuo e burro ao mesmo tempo. Aí, apareceu um brasileiro do Paraná, o Thiago. Fomos e fomos conversando. Acabou que o cara me convidou pra dar um rolé pela cidade a noite. Mas, expliquei minha situação. O gente boa se ofereceu a me bancar a noite e, não satisfeito, me convidou a passar mais um dia em Lisboa. Me emprestou dinheiro, me fez companhia, desbravamos em dois dias cada centímetro de Lisboa, andamos que nem dois condenados, torramos ao sol como omelete e voltamos vermelhos como duas lagostas estúpidas queimadas pelo sol. Mas valeu a pena. Perdi 10 euros, ganhei um amigo, companheiro de aventuras e, minha falida viagem sem graça a Lisboa mudou radicalmente pra uma aventura desbravante, hehe.






Após voltarmos pro alberguei, na madrugada de sábado pra domingo, fomos fazer um roteiro do que fazer no domingo e segunda. E posso dizer que a gente aproveitou muito bem nossos dois dias em Lisboa. Fomos a praticamente todos os cartões postais da cidade. Oceanário de Lisboa com direito a peixe pedra, feio que nem ele, bondinho com vista panorâmica da Ponte Vasco da Gama, a maior da Europa, o Castelo de São Jorge, o Mosteiro dos Jerônimos, a Torre de Belém, o Centro Cultural de Belém, o Padrão dos Descobrimentos, a Sé de Lisboa, o Porto, a Praça dos Restauradores, o caralho batendo palma, assobiando e plantando bananeira. A essa altura, as duas lagostas vermelhas queimadas já estavam roxas, mas tudo bem. O que importa é que a gente andou como duas vagabundas escravizadas, mas aproveitou cada minuto dois dois dias que a gente teve. A gente se deu bem pois tivemos algo em comum. Ambos tomaram pés nas bundas traumatizantes das suas ex-carrascas, digo, namoradas. E, nos identificamos ainda mais, hehe. Não nos entopercemos bebendo vinho, mas foi quase.

Após dois dias, era hora de voltar à Barcelona pra casa do meu amigo Calumby. O Thiago também viria pra Espanha, mas não sabia se pra Madri ou Barcelona. Conversamos e ele se decidiu por Barcelona. Como já conheço aqui, posso funcionar de guia ao Thiago e devolver toda a força que ele me deu em Lisboa. Conseguimos achar uma passagem no mesmo vôo que eu, na manhã desta terça, dia 20 de julho. E também consegui um albergue próximo pra ele. Combinamos de sair bem cedo, chegar umas duas horas antes do vôo no aeroporto pra não ter problema e, parece que eu tava adivinhando...as "aventuras" começaram na madrugada. Uma louca bêbada, hóspede do albergue, chegou pra lá de Bagdá, não conseguiu achar a chave do cofre dela e começou a berrar como louca e esmurrar o armário. Eram quase 4h da manhã. No começo, acordei, tentando entender o que porra tava acontecendo. Pensei que era assalto até, deu medo, frio na espinha e não sabia o que fazer. Se me finjia de morto no beliche, se levantava pra ver o que era ou se partia pra porrada com todas as armas que eu tinha em mãos no momento. Um travesseiro e meu bafo de recém-acordado descabelado. Esperei juntar gente e ai sai do beliche e fui ver o que era. Se a madame alcóolica queria chamar atenção, conseguiu, acordou as outras 13 pessoas que dividiam o quarto do albergue mais a gerente que, puta da vida, disse que se ela não parasse e fosse quietinha pra cama dela, ia chamar a polícia. Parecia cena de filme, mas não foi. Cinco minutos depois, a figura roncava na sua beliche. Enquanto o resto do albergue, claro, havia perdido o sono. Inclusive eu, claro. Obviamente não ia conseguir mais dormir as duas horas que me restavam e assim aconteceu. Saímos cedo como o combinado, eu e o Thiago e chegamos duas horas antes do vôo sair pra não haver complicação. Mas, claro, os famosos imprevistos tinham que acontecer. A puta da Vueling não achava meu nome na lista de jeito nenhum e o tempo foi passando. Após esperar como puta, numa fila de corno, sendo atendido por uma portuguesa mais feia que o cão de sutiã e mais mal-humorada que o seu Lunga, tive meu problema resolvido pouco mais de 20 minutos antes do vôo. Saí correndo como filha da puta com o Thiago pra não perder o vôo pra Barcelona, mas, ainda deu tempo de chegar. Mas aí, o problema começou pros lados do Thiago. Aconteceu algo de errado com a mala dele e o mesmo foi pedido pra esperar. Eu tive que entrar no avião e nada dele. Foi passando o tempo e nada dele. O avião subiu e nada dele. Fodeu, o Thiago ficou. O que a puta da Vueling tinha aprontado com ele? Não bastava o que tinham cagado comigo? Cheguei em Barcelona à procura de notícias dele e o máximo que consegui foi que ele tinha tido um problema com a mala e havia ficado em Lisboa. Putz...não tinha pego o celular dele e o meu, não serve, pois tá sem crédito e eu não lembro o número. Horas depois, já em Barcelona, consegui falar com ele via msn. A puta da Vueling, fez o rapaz perder o vôo, perdeu a mala dele, o fez ter gastos extras com albergue, comida e etc e ainda disse que não reeembolsa-lo. É mole? Daí que ele vai ficar preso em Lisboa até amanhã quando vou busca-lo aqui no aeroporto de El Prat em Barcelona. É mole? Acho que depois dessa, Vueling nunca mais!! Empresa filha duma puta!! Do lado de cá, to tentando ajudar o Thiago via msn com outra passagem. Sorte pra gente. Por hoje é isso, pessoas. Pra quem gosta de aventura, ok, mas ter um dia como esses, não quero de novo não. Basta o que já aconteceu até agora de imprevistos nessa viagem. Ainda vai vir mais? Se vier, que venha que eu encaro nessa porra!! Já passei por tanta coisa e não é agora que vou desistir!!! Venha o que vier e up the Irons!!


PS: Post dedicado ao meu amigo Thiago. Bicho, esquenta não que a gente vai resolver essa porra. To aqui resolvendo suas passagens e albergues e vou te buscar no aeroporto. Esquenta não que a gente resolva essa rola de 35cm.

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