3 de outubro de 2010

Pouca Vogal, Teatro da UFPE, Recife, Brasil - 02/10/2010

"Na verdade nada é uma palavra esperando tradução..."

Recife, Brasil

O nome desse blog surgiu de uma canção do Engenheiros do Hawaii, escrita pelo genial Humberto Gessinger chamada "Somos quem podemos ser". O refrão diz: "Somos quem podemos ser...sonhos que podemos ter..." Isso tudo tinha a ver com a proposta do Blog que era relatar que nós podemos sonhar e realizar nosso sonhos. Não importa o quão difíceis e impossíveis eles sejam. Acreditando em si, pode-se tudo. Principalmente o impossível.

Hoje, tive o privilégio de, dezoito longos anos depois, assitir a um show desse gaúcho genial com o seu novo projeto chamado "Pouca Vogal" em parceria com o também gaúcho Duca Leindecker, enquanto o Engenheiros do Hawaii está em coma no momento. O primeiro show, no auge do Engenheiros do Hawaii, na turnê do álbum verde, Várias Variáveis, em janeiro de 1992 no estacionamento do Shopping Center Recife, foi o primeiro show de uma banda que fui na vida. Tinha apenas nove aninhos de idade e fui com um primo mais velho na época. Sendo assim, foi mais do que especial este show. O primeirão.

Dizem que o primeiro amor a gente nunca esquece e, assim foi com o Engenheiros do Hawaii. Estávamos no final de 1990 e eu, então com apenas oito aninhos, ouvi no rádio uma música chamada "Era um garoto que como eu amavas os Beatles e os Rolling Stones" e logo me apaixonei. Paixão a primeira ouvida. Eles tavam acabando de lançar o clássico "O papa é pop", e essa música, releitura dos Incríveis estourou na época e fez a banda estourar de vez no país. Passei a amar uma banda pela primeira vez na vida. Colecionar os então LP's, revistas, K7 e etc. Apesar de ainda ser muito criança e não compreender a complexidade de uma letra dos Engenheiros do Hawaii, algo aquela banda tinha de especial para mudar a vida daquele eu guri de oito aninhos de idade, hehe. Me pegou em cheio. Me atingiu como um trovão.

Os anos se passaram e o fã mirim só ficou mais e mais apaixonado pela banda. Acompanhei em tempo real os lançamentos da trilogia e, de longe, melhor fase da banda: O papa é pop, Várias Variáveis e Gessinger Licks & Maltz. Vi pela TV em transmissões ao vivo, dada minha pouca idade, os históricos shows no Rock in Rio II de 1991 e Hollywood Rock de 1993. Além do, já citado aí em cima, primeiro show ao vivo em 1992. Depois disso, veio o ano de 1993, o lançamento do ao vivo Filmes de Guerra, Canções de Amor, houve divergências na banda e a clássica formação do trio: Humberto Gessinger, Augusto Licks e Carlos Maltz se desfez. A banda nunca mais foi a mesma. Fiquei bem triste na época e deixei de acompanhar. Meu último álbum foi o "Simples de Coração" de 1995 já com outra formação. Mas ainda preservando o Carlos Maltz. Este é um excelente álbum, mas não tem mais a mágica do trio. Nessa mesma época, conheci o Iron Maiden e meu amor pelo Engenheiros do Hawaii foi abandonado. Traí os gaúchos, me apaixonei por uma outra banda. Me senti mal na época, mas, fazer o que? Acontece. Pela primeira vez na vida, entendi que o amor, se não acaba, às vezes, se distrai com uma nova descoberta, hehe.

Os anos se passaram, meu amor pelo Iron Maiden cresceu e superou o dado então ao Engenheiros do Hawaii. Cresceu enormemente e o amor virou religião, estilo de vida, matrimônio. Me casei de corpo e alma com a lenda inglesa do heavy metal e traí o meu primeiro amor, os gaúchos dos Engenheiros do Hawaii. Enquanto meu amor pelo Maiden crescia e se tornava sério a ponto d'eu conhecer todos os álbuns, singles, vídeos, livros e me tornar um expert no assunto, o interesse pelos Engenheiros diminuiu a ponto d'eu deixar de acompanhar a banda. Só fui voltar a ouvi-los nos idos de 2005 quando a banda já tinha gravado os últimos quatro álbuns de estúdio com novas formações: "Minuano", "Tchau Radar", "Surfando Karmas & DNA" e "Dançando no Campo Minado". Fiquei, honestamente, bem decepcionado com os álbuns atuais. Não que eles fossem ruins, pois essa é uma palavra que não existe na música da banda, mas pra quem, literalmente cresceu ouvindo "O Papa é Pop", "Várias Variáveis" e "Gessinger, Licks & Maltz" é uma tremenda diferença ouvir estes últimos álbuns da mesma forma.

Porém, resolvi considerar meu primeiro grande amor e decidi ouvir os últimos álbuns com mais atenção e o amor foi voltando, ressurgindo. Há muita coisa boa neles. Não é brutalmente clássico e genial como a trilogia, mas, a genialidade parida por Humberto Gessinger, lá continua. No começo do ano, em março, fui acompanhar os shows do Guns N' Roses em São Paulo e no Rio e decidi prolongar minha viagem e realizar um desejo antigo, conhecer Porto Alegre, terra do Humbertão. Haveria um show do Dream Theater lá, logo depois do Guns N' Roses no Rio. Por sinal, o Guns também tocaria em Porto Alegre no mesmo dia do show do Dream Theater. Decidi abrir mão do Guns, pois já havia os visto e ver o Dream Theater. Mas a verdade mesmo é que eu queria muito mais conhecer Porto Alegre que ver o Dream Theater. Uni o útil ao agradável e lá fiquei, na capital gaúcha, por pouco menos de uma semana. Voltei de lá com o CD e o DVD do Pouca Vogal e livro do Humbertão, "Pra ser sincero". Meu amor voltou. Meu interesse idem. Foi um grande privilégio assistir ao show do Pouca Vogal hoje a noite por todos esses motivos. Vamos falar melhor desse concerto no próximo post.

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