16 de agosto de 2010

Iron Maiden, Sziget Festival, Mozaik Utca, Budapeste, Hungria - 14/08/2010

"Bichos! Saim dos lixos. Baratas! Me deixem ver suas patas. Ratos! Entrem no sapato do cidadão civilizado..."

Transilvania, Cluj Napocca, Romênia

Sabia, muuuito superficialmente, que o leste europeu, Eslovênia, Eslováquia, Polônia, República Checa, Hungria e Romênia (perdão se estou esquecendo alguns ou não), era a parte pobre da Europa mas, achava que não devia ser lá tão ruim assim, que era exagero e que, uma cidade famosa como Budapeste que recebe o Grande Prêmio da Hungria de Fórmula 1 desde 1986 não podia ser tão lascada assim. E ainda falam do Brasil...

Nossa longa viagem à Budapeste incluiu sair de Bergen, Noruega, na manhã da quinta, dia 12 de agosto com destino a Budapeste, Hungria, fazendo uma conexão em Roma, Itália. Como já falei no blog anterior, a primeira impressão sobre a Itália foi péssima pois, além de terem um aeroporto do tamanho do mundo (Fiumicino) e sem nenhuma tomada, os italianos, ao menos os poucos que tive o desprazer de conhecer, eram mal educados, esparrentos e falavam alto. Tudo que odeio. O avião pra Hungria atrasou e só chegou no aeroporto de lá (Feriheji) por volta das 0h45 já da quinta pra sexta, 12 pra 13. Ou seja, chegar numa cidade estranha numa sexta-feira 13 não parecia lá muuuito simpático. Mesmo pra quem não acredita nessas coisas como eu.







Havia perdido minha jaqueta em Bergen e torcia pra não fazer frio em Budapeste, pois, a única coisa que tinha pra me proteger seria um impermeável, herança do meu amigo polonês que me ajudou na primeira viagem à Inglaterra, no primeiro festival, o Download. E cheguei fazendo um frizinho na Hungria. Mas, suportável. Primeira impressão, boa. Aeroporto pequeno, mas bonito e limpo, com tomada (viu, Itália!!) e internet de graça! Iria ter que esperar amanhecer pra ir no meu lugar comum, a cabine de informações pra saber onde ficava o albergue. Eram aproximadamente 01h da manhã e as informações só abririam às 09h. Como já não dormia direito há uns dois dias, decidi amarrar a mochila no braço e dormir em cima da mesma até a porcaria das informações abrirem. Fui acordado por duas policiais feiosa húngaras. Disse que tava só esperando as informações. Não foram simpáticas, mas também não foram estúpidas. Foram a feiúra natural das duas, nada mais assustou. Lá fui eu pras informações e aí, minha imagem sobre Budapeste, Hungria, foi se moldando. A atendente, feia como as policias, não foi nem um pouco simpática e mal explicou como chegar ao albergue. Mas tudo bem, funcionou. O importante era isso. Aí vieram as primeiras dificuldades. Além de não dar pra entender porra nenhuma de húngaro, a moeda que eles usam, o florim, é muuuito confuso e volumoso. 1 euro vale aproximadamente 280 florins. Nada usual. Paguei cerca de 2.800 florins por uma van pra me deixar na porta do albergue. Com aquele povo "simpático" que pouco falava inglês e aquela língua complicada, não ia dar chance ao tal de azar de me pegar de novo. E assim o fiz. Na ida, fui pedir informação a um funcionário do aeroporto que trabalhava nas informações. O cara, todo doído, foi dizendo que não falava inglês e que não era estúpido. Das duas uma, ou tem o pau pequeno ou pegou a mulher com outro. Pela primeira vez, perdi a paciência com esse tipo de imbecil nessa viagem e mandei o cara tomar no cu. Não entendeu mesmo. Azar o dele. Mas acho que mesmo sem entender, um dos dois neurônios dele percebeu que eu tava xingando o cidadão...

Primeira impressão já formada sobre Budapeste, Hungria, tinha sido péssima e piorou ainda mais ao longo do caminho pro albergue. A cidade é feia, suja, fedida, desorganizada e a frota de ônibus e carros parece mais um filme de terror! O nada simpático motorista me deixou no albergue sem dizer uma palavra e com cara amarrada. Tava morto de cansado. A atendente, bonita, mas toda bagunçada, também não foi simpática, mas foi solícita ao dizer como chegar no local do show no dia seguinte, onde apanhar o trem pra Romênia, custos, supermercado perto, essas coisa toda. Deixei minhas coisas e fui comprar comida num supermercado vagabundo. Mais pessoas chatas, mal educadas, feias, grossas e fedorentas no caminho. Voltei pro albergue, comi, tomei um banho e cama. De longe, o pior albergue que já peguei. Vagabundo, sujo. Uma bosta. Só queria dormir e assim o fiz. Sempre na companhia dos meus amigos apraz e aprazolan, apesar do cansaço. Sei que foi uma das piores noites de sono da minha vida, além de acordar com uma dor infeliz nas costas por causa do colchão vagabundo que me deram, tive pesadelos horríveis que, vou guardar comigo...







Tomei outro banho, comi, e lá fui eu pra estação, na manhã de sábado, garantir o trem pra Romênia no dia seguinte. 35 euros. Não caro, mas também não barato. Comprei, sosseguei e lá fui pro local do Szigest Festival onde o Maiden tocaria. 2 trens, tão vagabundos e sucateados como os carros e ônibus. Aviso. Se alguém for usar essas coisas, cuidado, pois as portas fecham devagar o suficiente pra amputar alguém. Aff Maria. Onde eu vim parar!! A essa altura, eu já contava as horas pra me mandar da Hungria...

Cheguei no festival e um calor desgraçado. Gente pra todos os lados, claro. Comi algo e fui logo pra arena principal onde o Maiden tocariam. Seriam longas 6h de espera, mas, fazer o que. O que menos queria era andar e me cansar naquele lugar e, como havia sombra debaixo do palco, pra lá fui. A primeira coisa que percebi é que tinha um bando de italianos lá. Mas até que húngaros. Pior, mais espalhafatosos e barulhentos que os do vôo. Não preciso dizer que meu humor foi pro espaçao com aquele bando de imbecil. A primeira banda, pro meu azar era italiana. Uma tal de Subsonica. Foi a coisa mais artificial que vi na vida. O tecladista fazia mais pose de cheirado e doidão que tocava, o tecladista careca ficava se tocando o tempo todo, o baixista, também careca, não tinha expressão, o guitarrista, forçava pra aparentar que tava curtindo e o baterista, nem um nem outro. Que coisa triste. Mas pra italiana era bom. Curtiram. Pra minha sorte, após essa bosta de shows, os babacas italianos foram embora. Ufa. Teria paz!!

Vieram outras bancas babacas, mas a coisa ficou feia mesmo quando uma banda húngara entrou no palco, uma tal de Tankcsapda. A maior banda de lá. Os heróis locais. Tinha mais húngaro maluco nos shows dos caras que no do Maiden. Aí, os húngaros começaram a demonstrar que eram ainda mais pé no saco que os italianos. Po, que curtir o show, curte, mas respeita o espaço dos outros como na Finlândia. O que mais tinha era um bando de bêbado que não sabia uma música e só tava lá na frente pra arrumar confusão e empurrar todo mundo. Conheci uns húngaros legais que ficaram mais putos com os conterrâneos do que eu...

Fiz amizade com um cara bacana da Bulgária que me cedeu as fotos após o show. Também encontrei com o casal de brasileiros que havia encontrado no Sonisphere Festival da Inglaterra. O André e a Betânia do Espírito Santo. Após horas de espera, era chegada a hora do Maiden. Não tavam com a produção de luz completa como na Noruega, apenas umas luzinhas vagabundas e pronto. Talvez por ser festival, talvez porque os pão-duro húngaros tenham escolhido o show mais barato mesmo.

Pontualmente, o Maiden subiu no palco, pouco antes das 21h. Eu, que estava na grade, fui sendo levado pro meio e depois pros lados a pulso. Como já tava cansado de gente imbecil, escolhi sair do meio daquele bando de animal que sequer gostava da banda. A maioria tava lá pra arrumar confusão mesmo. Ao final, dei sorte de encontrar com o simpático búlgaro que me cedeu as fotos, assim como o casal de brasileiros. Como eu já desconfiava que após o começo do show do Maiden, a coisa ia ficar selvagem, falei com ambos pra me encontrarem debaixo do telão do lado esquerdo do palco após o fim do show. E assim o fizeram.

O show do Maiden foi selvagem como o público. Acho que a banda sempre reage melhor as adversidades e cresce nos momentos ruins. No início do show, o som tava uma bosta e um Bruce Dickinson, puto da vida, gesticulava pra todos os lados. Dave Murray também, só que de forma mais sossegada. Após umas músicas, resolveram o problema do som, finalmente. Coisas da Hungria. Ow paisinho...

Burocraticamente, o Maiden repetiu o mesmo set list, os mesmos discursos e as mesmas brincadeiras, o que já ta se tornando um pouco chato pra ser honesto. Mas o show foi selvagem, assim como o público e, juntamente com os problemas, os caras se superaram e fizeram um showzão. Poderiam ousar mais. Uma banda tão rica em música, histórias e etc, deveria ousar mais. Tem tanta bala pra gastar e não sei porque ficam economizando...o importante é que era meu sexto show dessa turnê e nono do Maiden. E tudo correu bem. Ainda bem.

Na volta, fomos roubados mais uma vez pelo filhos da puta dos húngaros. Eu ficaria na estação de trem, onde iria rumo à Romênia às 6h da manhã do outro dia e o casal de brasileiros, ia pro hotel, dormir um pouco e ir pra Romenia tambem, no mesmo trem que o meu, na mesma hora. Saltei na estação e eles foram pro hotel. A média de táxi na Hungria é de 2.800 florins ou cerca de 10 euros. O filho da puta ladrão do taxista cobrou 17.000 ao casal. Me contaram no outro dia. Era cerca de meia noite quando cheguei na estação e, advinhem? Fechada!! Como uma estação de trem fecha?? É o mesmo que imaginar num hospital ou aeroporto que fecha. Absurdo!!

Metaleiros de todo canto da Europa chegavam a estação e também não entendia nada. Ao meu lado, um simpático casal frances que também tava traumatizado com Budapeste. Reserveram um hotel meses antes e quando chegaram lá, o local nao existiam. Tavam a dois dias sem dormir e agora, mais cansados e decepcionados ainda com essa da estação fechar. Pessoas, passem longe da Hungria. Que pesadelo. Eu sou feliz e não sei. Recife e Brasil são respectivamente Londres e Europa e a gente não sabe...

Fiquei esperando na estação até a hora do trem bem acordado. É claro que não ia dormir naquele lugar sujo e sinistro. A estação só abriu às 4h da manhã. Meu trem saía as 06h43 e a zona húngara se superava. O meu treme nao aparecia no telão de indicações de saídas, ficava numa plataforma "especial", putz. Assim esperei e me despedi da Hungria sem nenhuma saudade. Nunca mais volto nesse lugar. Tudo uma bosta. Transporte, segurança, pessoas. Budapeste tem um centro bonito que dura 5 minutos, depois, é só tristeza. Há muuuitos lugares melhores pra se conhecer, principalmente aqui na Europa, então, estejam avisados, passem longe do leste europeu. Longe da Hungria!!

Set List

01. Intro: Doctor Doctor - The Wicker Man
02. Ghost Of The Navigator
03. Wrathchild
04. El Dorado
05. Dance Of Death
06. The Reincarnation Of Benjamin Breeg
07. These Colours Don't Run
08. Blood Brothers
09. Wildest Dreams
10. No More Lies
11. Brave New World
12. Fear Of The Dark
13. Iron Maiden

Bis

14. The Number of the Beast
15. Hallowed Be Thy Name
16. Running Free


PS: Dedico esse post ao meu amigo Raul do Rio. Só eu sei a força que esse cara tá me dando nessa viagem. Raulzão, brigadão, cara. Tudo de bom e me espera que em seteembro to de volta. Menos de um mês pra essa minha turnê maluca acabar, ehhe. Tudo de bom.

Um comentário:

  1. To morando em Budapeste e tenho certeza que você só pode ser maluco.
    Esse lugar é perfeito.

    E verei um show do Iron aqui em junho. Vai ser ainda mais que perfeito.

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