"Do you know where you are? You're in the jungle, baby. You're gonna die!!"
Recife, Brasil
Fiquei tanto tempo deitado na grama que minha bunda ficou dormente. So fui levantar pra dar uma andada durantes os shows do Detonautas e da Pitty pra dar uma estudade de qual seria o melhor lugar pra assistir ao show do Guns. Constatei que estava fodido. Por mais perto que chegasse do palco, ainda assim ficaria distante e, no alto dos meus 1,70 com um bando de vara-paus na minha frente, visibilidade seria uma coisa complicada. Baixinho só se fode em festival.
Andei, andei e deitei de novo. Comi, fui ao banheiro, andei de novo e, por mais que economizasse energia, o cansaço já vinha cobrar sua conta. Eu tinha acordado às 12h do sábado e desde então, não tinha dormido. Breves cochilos frustrados e nada mais. E ainda eram 22h...Mas, firme e forte. O show do Evanescence foi o primeiro no palco mundo que quis ver e assim o fiz. Fui me infiltrando no meio da multidão até ficar num lugar relativamente bom. É, amigão. 100 mil pessoas sem regalias de pista vip ou arquibancadas e camarotes, é gente pra caralho!!
O show do Evanescence foi burocrático. Nâo empolgou, mas também não entendiou. O público respeitou a banda. É inegável o talento da guria, a tal da Amy Lee. A guria agita e canta pra caralho. Gostando ou não do som do Evanescence, é inegável a capacidade da guria. Até porque, além de cantar e agitar muito bem, a cidadã compõe as músicas e escreve as letras. Ponto pra ela. Após uma hora e dez, o Evanescence se foi e deu lugar à espera pelo System of a Down. Havia bastante gente querendo assistir a essa banda. Das novas, tem até um som um pouco interessante, mas, ainda assim, não consegue tocar o meu chato coração. A banda entrou no palco pouco antes das 23h e fez um show de quase 2h. Ok, era a primeira vez deles no país, mas acho que uma banda tem que saber a hora de acabar um show. E o System of a Down não soube. O show foi longo demais e, mesmo pra quem era fã, o show se tornou tedioso e irritante. Acho que não foi lá o show dos sonhos. Até pra quem era fã. Nunca fiquei tão feliz com o fim de um show. Finalmente era a hora do Guns N' Roses.
O show do Guns deveria começar por volta das 0h50. Essa foi a hora que o show do System of a Down acabou...Pra completar o cansaço, pouco depois das 1h, começou um chuvisco que aos poucos se transformou em temporal. E interminável. As pessoas já estavam esgotadas e agora, ensopadas. Por mais fã que se seja duma banda, há certas ocasiões que é preciso ter energia desumana pra aguentar o tranco. As pessoas começaram a ficar impacientes e vaiar. A chuva só aumentava e alagava o palco. Honestamente, pela intensidade da chuva, passei a acreditar que o show seria cancelado. A chuva era forte demais e o palco tava muito molhado. Conhecido por ser um cidadão explosivo, instável e complicado, além de atrasar sempre e ser uma verdadeira bomba-relógio, Axl Rose poderia muito bem não fazer o show. Se isso tivesse acontecido, não tenho dúvidas que haveria uma confusão generalizada e literalmente acabaria em merda. É impossível controlar uma multidão de 100 mil pessoas cansadas, putas da vida e insatisfeitas. Mas, apesar do atraso massacrante, finalmente, por volta das 2h40, o Guns entrou no palco com explosões e um público morto, mas ainda maluco. Axl entrou com uma capa amarela e a cada pisada no chão, voava água pra todo canto. O palco parecia mais uma piscina.
Por cerca de 2h30, a cidade do rock ouviu os velhos clássicos do Guns N' Roses. Ok, o Axl não é o mesmo. O símbolo sexual que deixava as gurias malucas e histéricas não soube envelhecer e hoje é um velho excêntrico, gordo e cheio de plástica. Quando o telão focava seu rosto, uma olhar quase psicopata chegava a assutar. Um show que por pouco não aconteceu, entrou pra história como mais um espetáculo de Mr. Axl Rose. Horas depois, soube-se que ele perdeu o primeiro vôo pro Rio de Janeiro e chegou pro show após ter sido trazido por urgência em um vôo fretado, chegando na cidade, apenas algumas horas antes do show. Houve a possibilidade também dele pagar uma multa e cancelar o show. Com o temporal que caiu e não parou um minuto sequer durante todo o espetáculo, ter acontecido o show, já foi válido. Às 5h10 da manhã chegava ao fim esse eterno "apetite pela destruição" de Mr. Axl "bomba-relógio" Rose.
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