"Eu me sinto um estrangeiro. Passageiro de algum trem. Que não passa por aqui. Que não passa de ilusão..."
Recife, Brasil
Nossa aventura, rumo ao Rio de Janeiro pra maratona do último dia da quarta edição do Rock in Rio, começou na noite anterior, pois meu vôo partiria às 6h40. Minha querida mana, mais conhecida como Foca, gentilmente me cedeu seu apartamento como dormitório devido a proximidade em relação ao aeroporto. No sábado a noite já estava por lá e, enquanto o Maná subia ao palco do Rock in Rio, ao vivo pela TV, eu decidia ir assistir a um filme no Shopping Recife. Às 23h30 dum sábado, sozinho, sem ninguém encher o saco dizendo o que tenho que fazer, é claro que a escolha foi pelo remake de "A hora do espanto". Ok, só haviam treze pagantes contando comigo, mas, como bom anti-social, isso pra mim foi um privilégio e não uma motivo de tristeza. O filme é bem o que se espera dele. Terror com pitadas de humor. Nenhuma obra de arte. Apenas um filme qualquer que atinge ao seu objetivo de entreter, fazer rir e nada mais. Gosto de andar sozinho pela madrugada e esse foi o meu itinerário de volta ao apartamento da minha mana às 1h30 já do domingo, dia da viagem.
Meu vôo sairia às 6h40, deveria estar no aeroporto às 5h40 e, por segurança, deveria sair às 5h do prédio da minha mana. Depois do filme, cheguei lá por volta das 2h. Sendo assim, decidi virar a noite e esperar as 5h pra sair. Assim o fiz. Um ônibus rápido e às 5h20 já tava no aeroporto, às 6h no avião e às 6h30 levantando vôo. Tudo muito rápido. Fui sorteado com as duas poltronas do meu lado vazias, o que, obviamente, me fez usar desse privilégio, me deitar e passar toda viagem assim. Ainda assim, nenhuma horinha de sonho. Sem chance, sem remédio pra dormir, não há a mínima condição d'eu apagar em aviões. Sem chance. Apesar de tudo, vôo tranquilo.
Algumas pessoas estavam indo pro Rock in Rio no mesmo avião. Uma guria de uns dezesseis anos com a camisa da Pitty, cabelo piaçava super espichado, picotado e pintado. Pra completar o kit adolescente-pobre-retardado-pseudo-revoltado, sombra nos olhos. Uma chiqueza só. Ao lado, claro, mamãe acompanhando a malvadona de mão dada. Cena mais meiga. Én én. Apesar de nenhum mísero minuto de sono, às 9h40 já tava no Rio. Do Aeroporto Internacional do Galeão, pegamos um ônibus até o terminal Alvorada e de lá, mais um, direto, rumo à cidade do rock. Tudo muito rápido e organizado. Às 12h20, quase três horas depois (sim, em relação ao aeroporto, a Barra da Tijuca, onde foi construída a cidade do rock, fica ali depois da casa do caralho, mas, por incrível que pareça, as quase três horas passam rápido) lá estava eu, em frente ao histórico retão do autódromo de Jacarepaguá onde, pra quem é fã de Fórmula 1 como eu, lembra muito bem de pegas históricos nessa pista.
Ow saudade. Ow bons tempos que não voltam mais. Sim, o final da fila estava ali. Bem pertinho da entrada da cidade do rock. Coisa perto, coisa de 3 Km's. Logo ali depois da casa do cacete. Ao menos o tempo tava nublado e não tava quente. Caso contrário, provavelmente, além de derreter ao sol, já entraria no Rock in Rio cansado e mais vermelho que camarão. Na fila tinha de tudo. Conheci um carioca que era igualzinho ao irmão do Lewis Hamilton da Fórmula 1 e dois caras lá do Mato Grosso do Sul. Um deles, disse que o pai tinha ganhado na sena, anos antes. Segundo ele, disse até quanto foi o prêmio, cerca de 4,5 milhões de reais. O cara era matutão, simples e gente boa. Não sei se era ator, mas parecia não estar mentindo nem se gabando. A questão é que as histórias com meus novos coleguinhas do Mato Grosso do Sul e do Rio de Janeiro, renderam tempo suficiente pra fazer as três horas de fila passar bem rápido. Por volta das 15h30 consegui, finalmente, entrar na famosa cidade do rock. No meio da muvuca, me perdi dos meus coleguinhas. Como sou um lobo solitário anti-social que não gosta de gente, como todos vocês tão enjoados de saber, não foi nenhuma catástrofre pra mim ficar sozinho.
Dei uma volta pelo imenso lugar, tirei umas fotos e resolvi simplesmente poupar energia. Sem cerimônia, deitei no confortável gramado sintético, botei a mochila como travesseiro e dormi. Tava totalmente nublado e com uma temperatura legal. Consegui tirar um bom cochilo, afinal, eram cerca de 16h e o primeiro show do Palco Mundo só começaria às 19h. O show que esperava assistir, o Guns N' Roses, sem atraso, começaria por volta das 1h. Mas, sabendo dos chiliques da diva, Axl Rose, não esperava que ele entrasse no palco antes das 3h. Não estava errado, afinal...
Nenhum comentário:
Postar um comentário