"And you if hear me talking on the wind, you've got to understand we must remain perfect strangers..."
Lisboa, Portugal
Quando tive o privilégio de ver o Deep Purple ao vivo pela primeira vez, e logo na minha cidade, há já distantes sete anos, não podia acreditar. A lenda do rock inglês tocaria em Hellcife. Meio impossível acreditar na época. Era o primeiro grande nome da safra dos clássicos do rock and roll a tocar na cidade. E a mesma não fez feio e compareceu com cerca de 10 mil vozes. Bem diferente desse show que acabei de assistir aqui em Lisboa, Portugal.
A casa de show, chamada Coliseu dos Recreios, fica numa ruazinha estreita de paralepípedos. Lembra um pouco de Olinda e Recife Antigo. Um misto dos dois. Imagine estar entrando num Dokas, um pouco maior, beeem mais organizado. Um lugar pra receber shows, enfim. Pequeno, mas aconchegante. Palquinho pequeno num lugar pequeno. Um típico show do Deep Purple. Intimista, sem frescura. Nenhuma produção. Sequer um pano de fundo. Apenas o Deep Purple e sua mais pura essência. Nua e crua. Rock and Roll.
Pontualmente às 21h30 os caras começam o show. Bons britânicos. Com mais de 40 anos de estrada nas costas, a lenda inglesa sabe como abrir um show já enfiando garganta abaixo um clássico: Highway Star. A banda está velha. Ian Gillan com 64 anos ainda canta muito bem, mas sabe que não aguenta mais atingir notas tão altas e por isso, não tenta. O que, no meu ponto de vista é o certo. Se sabe que não aguenta mais, pra que forçar? O mesmo com o baterista, Ian Paice. Faz um curto solo porque sabe que seus 62 anos já não lhe permitem tamanhas travessuras. E o resto da banda, Roger Glover, 64 anos, Don Airey 62 segue na mesma direção. Porém, sem perder sua excelência e competência. Senhores do rock. Senhores de si mesmos.
O caçula da banda, único sem cabelos brancos é o Steve Morse que também não é nenhum garoto já que tem apenas 55 anos. Mas sua cabeleira loira e postura juvenil enganam muito. Quem não o conhece, daria no máximo 40, nem de longe os 55 que tem. É o único que fisicamente se permite mais exageros. Mas a idade não fez mal ao Deep Purple. A idade chega para todos e é bastante visível que em 7 anos entre os shows de Recife e de Lisboa a banda envelheceu muuito, mas a paixão pela música não mudou. Os senhores do rock and roll voltarm duas vezes para o bis e fizeram um show de quase 2h, saindo da já habituais 1h20. O público português respondeu muito bem e por isso a banda voltou duas vezes. Nada feroz como o público brasileiro, mas uma ótima resposta à banda. Assisti o show da grande sem nenhuma selvageria. Na maior tranquilidade. Um senhor portugues com sua filha e, claro, sempre, hehe, um brasileiro. De Minas, este. Ao final do show, conversando com o mesmo, eis que aparece mais um, esse de Aracaju. Impressionante. Aonde quer que esteja, cada país, cada cidade, sigo sempre encontrando ao menos um brasileiro. Vão achar que to mentindo, mas é a mais pura verdade. E foi assim que me despedi dos caras e voltei pro albergue. Vinte minutinhos andando e apenas 28 euros que pagaram muito bem clássicos como Highway Star, Black Night, Lazy, Speed King, Space Truckin, Tutti Frutti, Hush, etc. Um show sem frescuras como é o Deep Purple. Cru, e direto. Apenas rock and roll.
PS: Esse post é dedicado ao meu amigo Jayminho. Há uns oito anos fiz uma festa na minha casa e ele levou um VHS do Deep Purple chamado "Como Hell or High Water". Eu assisti essa fita tantas vezes que, honestamente, não sei como a devolvi inteira. Sem dúvidas um dos melhores registros do Deep Purple. Foi paixão à primeira assistida. Tudo de bom pra tu, feio.
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