"Há um muro de Berlin dentro de mim..."
Berlim, Alemanha
Tenho um medo dos diabos de me perder. Ainda mais quando to numa cidade diferente e, principalmente num país diferente. Literalmente estranho numa terra estranha. O lado ruim dessa minha volta maluca ao mundo é que, exceto em Barcelona, eu não tenho um porto seguro. Ou seja, sou eu, eu mesmo e eu de novo, já que não tenho GPS do celular, pois teria que ficar mudando sempre de operadora e não tenho paciência nem dinheiro pra isso. Vamos lá na cara e na coragem, porque o Google tem sido meio burrinho comigo e me dado rotas erradas. Desgraçado!! Sendo assim, me resta apenas perguntar via e-mail ao pessoal dos albergues como chegar neles e, ao povo das estações, aeroportos e quem for escolhido por mim a me dar informação. Se não gostam, paciência, mas eu pergunto mesmo. Ou me perco, hehe. Eu me perco até perguntando.
Saí de Londres com boas horas de antecedência pro vôo pra não dar chance ao azar de perder a hora. Sendo assim, tirei minha virgindade de dormir em aeroportos. Tinha tanta gente, policiais ingleses ao redor que nem pensei duas vezes. Tomei meu remedinho, botei a mochila de travesseiro e lona. E não que consegui dormir fácil? Deixei o medo de ser furtado de lado e dormi. Acordei, tava tudo lá. Boas e importantes horas de sono antes de chegar em Berlim. No avião, ao meu lado, pela primeira vez em muuuitos vôos que já fiz na vida uma beldade. Uma alemã chamada Anna. Muito simpática. Conversou comigo, sem frescura nas duas horas de Londres a Berlim. Ah, mas assim como a finlandesa, também tinha namorada. Bem, eu tenho tentado!! Chegando no aeroporto de Shonefeld, primeiro passo é sempre passar pela imigração. Tudo certo mais uma vez. Ufa, ao meu lado, duas coroas gaúchas que me pediram uma ajudinha no inglês, o meu já não é lá essas coisas, mas foi o suficinte pra ajuda-las. Tava indo visitar o filho. Expliquei ao alemão e tudo certo pras coroas. Próximo passo descobrir como chegar no albergue. Beeem mais barato que Londres. Paguei € 2,80 e cheguei no meu destino em pouco mais de vinte minutos. Após sair da estação, o albergue se encontrava a pouco mais de 100 metros. Beem perto, mas, o idiota aqui passou reto, claro. Depois, vi que tinha passado pelo mesmo. Ok, alemão é foda e o albergue só tinha um nomezinho minúsculo no interfone. Foi o primeiro albergue realmente alternativo que fiquei. Em Zurique e Londres eram literalmente hotéis pra jovens. Chiques, limpos, organizados. Porém com nomes e preços de albergues. Esse aqui foi o primeiro realmente punk que peguei. Estilo hippie, largadão, mas cheio de pessoas legais. Fui recebido por uma loira linda chamada Maggie que foi muito simpática comigo e apresentou todo o local. Depois, um cabeludo do barbão, meio hippie. Adivinhem? Mineiro, hehe. Super gente boa, o cara. Marcelo o nome dele. Me explicou tudo com toda paciência e carinho do mundo. Como andar de metro, como chegar nos pontos turísticos, bons bares, restaurantes, tudo. O cara foi um anjo. Mas como cheguei cansadão e fazia um calor do diabo ontem, terça, só fiz dormir. Hoje, quarta, saí pra dar um rolé pela cidade.
Pra quem tinha apenas um dia, até que eu aproveitei o mesmo muitissimo bem. Conheci lugares históricos como o portão de Brandeburgo, cartão postal de Berlim, o Memorial do Holocausto, em memória dos judeus mortos na segunda guerra mundial, a torre de TV Fernsehturm, que dá pra ver a cidade toda lá de cima, o palácio Reichstag, parlamento de Berlim, a Praça de Potsdamer, que foi reconstruída após a queda do muro de Berlim, a Catedral de Berlim, a Ilha dos Museus que tem esse nome por abrigar as margens do rio Spree os Museus de Pergamonm, Altes, Neues, Galeria Naciona, e Bode, além de duas Catedrais. Além disso, a Universidade de Humboldt. O mais bacana. Tudo do lado do outro. Overdose de cultura e lugares lindos e históricos. Você desse numa estação, caminha uns 700 metros, acha o portão de Brandeburgo, segue reto e vai achando tudo que citei aí em cima. Uma maravilha. Uma experiência única e impressionante. Voltando pra "casa", apenas uma mudança de estação pra descer em Ostbanhof e cinco minutos após deixa-la, se tem uma das mais impressionantes imagens da humanida. O que restou do muro de Berlim por 1,3 quilômetros de artes grafitadas que se tornou o muro. É impressionante visitar um lugar tão histórico da humanidade. Meio surreal saber que eu estava ali e que tudo aquilo que a gente lê e vê em documentários aconteceu realmente e está ali, diante dos teus olhos. De arrepear.
Voltando pra "casa" em estado de extase, encontro mais duas brasileiras no metrô. E olhe que no rolé, eu encontrei um gaúcho com a camisa de Senna e no bar que fui mais dois paulistas. É mole? Ok que eu sabia que tem brasileiro em tudo que é canto, mas eu simplesmente to encontrando eles em TODAS as cidades que vou, TODOS os países, TODOS os shows, TODOS albergues. Impressionante, hehe. Somos realmente uma praga, hehe. Após um dia produtivo como esses, as três meninas que dividem o quarto comigo, uma sueca, uma australiana e uma americana, me chamaram pra um bar, junto com o resto do pessoal do albergue. Mas não me entrosei com ninguém. Vi o Uruguai perder pra Holanda, mas parabéns pra eles, pois foram guerreiros e voltei sozinho pro albergue. Me despedi do Marcelo, o mineiro que é meio que gerente do albergue, vim escrever pra vocês as novidades e logo mais dormir, pois amanhã já sigo viagem nessa nossa turnê. Pego um vôo de Berlim a Stuttgart, faço uma conexão de umas quatro horas, pego outro vôo pra Madri, Espanha, espero mais umas horas, pegô um ônibus pra estação e de lá outro ônibus pra Bilbao. Algumas horas, seis ou quatro se não me engano e, na quarta cedo estarei lá, onde acontecerá o BBK Festival. Como atrações principais em cada uma das três noites, teremos Rammstein, Pearl Jam e Faith No More. Outras grandes bandas de brinde como Slayer e Alice in Chains também estarão lá. Grande festival. De lá, sigo pra Lisboa pra passar uma semana, ver um show do Deep Purple e voltar ao meu porto seguro em Barcelona, casa de Calumby, meu amigo dos tempos do Contato, pra lá ficar por mais uma semana e, viajar por mais de 50 dias seguindo os 10 shows do Maiden e as duas corridas de Fórmula 1. Por hoje é só. Vejo vocês em alguns dias relatando meu próximo destino, Bilbao, o festival e o que mais vier pela frente. Esteja onde estiver.
PS: Dedico esse post ao meu amigo meio brasileiro, meio alemão, Arcanjo. Monstro, esse teu segundo país é lindo pra caralho mesmo, visse!! Além de ser o coração dos melhores carros do planeta, a história é uma das mais ricas da humanidade e as galegas são ainda mais fantásticas que as inglesas, hehe. Tudo de bom pra tu!!
Meu filho, que inveja de você. Só vou poder visitar tudo isso aí no mínimo em julho do ano que vem. E com certeza sem conseguir economizar grana como você consegue!
ResponderExcluirE essa história que alemão é frio e chato é mentira, tá vendo?