"In the gloom the gathering storm abates..."
Barcelona, Espanha
De volta à Barcelona para um longo dia descanso e uma semana até a próxima viagem. Nossa aventura em solo suíço já começou cheia de imprevistos. Mas, como bons brasileiros, nós se fode mas nós se diverte. E, principalmente, nós sempre dá um jeito, sô! Pois é. Tava tudo certinho pra eu pegar meu vôo pra Zurique, Suíça, na sexta pela manhã, no aeroporto de El Prat (maior de Barcelona), a cinco minutos daqui da casa do meu amigo. De lá, faria um caro (€ 380,00) mas sossegado vôo à Zurique de apenas 1h40 e a pouco mais de 800 Km's de Barcelona. Porém, em cima da hora, a puta da companhia aérea, a Swiss, cancela o meu vôo por eu ter comprado no cartão de uma amiga. Bem, nenhum dos outros vôos deu problema, mas claro, esse tinha que dar e em cima da hora. Pra fazer uma nova reserva, eu precisaria de todos os documentos da minha amiga, inclusive passaporte e cartão de crédito. Além disso, a mesma passagem aumentaria pra quase € 600,00. É mole? O detalhe é que a viagem seria no outro dia. Que maravilha! Meio que às pressa, tive que reformular as coisas. O vôo tava marcado pra manhã de sexta, 18/06, dia do Sonisphere Festival em Zurique, Suíça. Chegaria lá aproximadamente às 10h, pegaria um trem pro local do show, depois, trem pro local do albergue, dormiria em paz e conheceria Zurique, sossegadamente no sábado e no domingo. No mesmo domingo, a noite, voltaria à Barcelona, pro mesmo aeroporto de El Prat, a cinco minutos da casa do meu amigo, na noite do domingo. Mas, claro, a Swiss, teve que complicar minha vida...
Tive que encontrar uma solução às pressas, ainda na quinta-feira, véspera do show. Consegui uma meio mais ou menos, mas era a única opção que eu tinha. Teria que ir de trem. A viagem de 1h40 passaria a ser de 14h40. Besteira!! Ao invés de voar pra Barcelona na sexta pela manhã e voltar no domingo a noite, tive que pegar o famoso Nightrain ainda na quinta, as 19h30 e chegar à Zurique 10h10 da sexta. O problema é que não tinha trem de volta no domingo, apenas na segunda e a noite. Sem muita opção, tive que engolir. Fazer o quê?
Tive que me reprogramar às pressas e viajar na quinta-feira a noite, como disse ai em cima, nos trem das 19h30. Fui à estação antes do almoço, comprei a passagem de ida e volta (€ 200,00), voltei pra casa do meu amigo pra aprontar tudo às pressas. Chegando na estação, tudo bem. Pra evitar problemas, cheguei umas duas horas antes. Mesmo pertinho de onde estou, cerca de 10 minutos e 5 estações, melhor chegar antes do que depois depois do estresse na Inglaterra, certo? Ao meu lado, um hippie alemão. Esqueci o nome dele (esse é um problema sério, eu esqueço o nome de todo mundo, dos gringos então, fodeu!!). Simpático o alemão, fomos conversando nas primeiras das longas 14h30 de viagem. Nenhuma reclamação do simpático hippie alemão. O problema é que o infeliz fedia que nem cachorro. Acho que não tomava banho a semanas. Tinha roupas gastas, unhas sujas, dentes amarelos, cabelo hastafari e, pra completar o kit sujeira, o desgraçado peidou a viagem inteira. Ao menos nas horas em que estive acordado. Na cadeira do lado, um tímido australiano. Na cadeira da frente, duas americanas saidinhas. Mas feinhas que, aff maria. Que azar. Mais a frente, um quarteto de franceses. Quando passamos pela fronteira da França, os "simpáticos" policiais quase encrencaram com eles. Pensei: "Fodeu! Se tão tratando assim os compatriotas, que farão quando verem no meu passaporte que sou brasileiro?" Pra minha sorte, ganhei um "Ho ho, Brazil!!! Bon Voyage!!" Ufa...
Depois do perrengue com o frio e chuva da Inglaterra, fui bem armado pra guerra. Uma camiseta, outra de manga longa, uma jaqueta quente e um bom impermeável. Tá pensando o que, rapaz? Hehe. Tomei meu remedinho e só acordei em Zurich, estação HB. Lá, primeira impressão sobre a Suíça: frio!!! Peguei 5º na Inglaterra, lembram? Cheguei em Zurique fazendo 7º. Tava preparado. Ok, então. Ao tentar descobrir se havia algum trasporte direto da estação pro local do show, descobri que sim, pelos simpáticos e eficientes informantes suíços. Porém, não gostei nem um pouco do preço. Ida e volta pro local do show da estação, me custaram 43 francos suíços. Cerca de € 32,00. Ow paisinho caro!! Ok, fazer o que? Próximo passo, descobrir qual das 52 estações o trem saía, hehe. Nenhum problema, segui a massa de preto, hehe. Trem legal, rápido, luxuoso de dois andares. Esqueci que tava na Suíça. Ao redor, toda a europada. Um cara grandão com sua namorada grandona me perguntam se podem sentar ao meu lado. Respondo que sim. Nenhum problema. Era um casal de suíço que ficou surpreso ao saber que eu era daqui perto, do Brasil, só pra ver o show e viajar pela Europa, hehe. Fomos conversando pela próxima hora e lá, me guiaram ao local do show. Cerca de 10 minutos a pé. Ainda bem que todo suíço fala inglês, pois não dava pra ler ou entender pn em alemão que é uma das línguas da Suíça. No caminho pro local do show, uma tal de Arena Jonschwil, estreio minha eficaz capa de chuva que me custaram apenas € 4,00 em Barcelona. Até aí, tudo bem. Tava até brincando com a chuva, pedindo pra chover mais e rindo dela. Quando cheguei a bilheteria, a puta da chuva que riu pra se foder da minha pobre cara. Ou melhor, ela gargalhou. Deve tá gargalhando até agora. Puta safada!!!
Lembram que falei que no último dia do show da Inglaterra, em Donington Park, tinha chovido pra se foder e o local tinha se transformado num campo de guerra lamaçento, ok? Tadinho de mim, reclamando de barriga cheia. Na Inglaterra, tava sujo de lama, mas ok, dava pra andar e tinha pontos de asfalto, plataformas e etc pra te ajudar. Nessa porra de arena que escolheram na Suíça, simplesmente não tinha saída. Era areia quase-movediça até a canela. Não tinha pra onde correr. Nenhuma graminha, nenhum asfaltinho. Nada!!! Era pisar na lama e afunda até a canela. Além da sujeira, andar era extremamente difícil, pois cada passo que dava, você literalmente atolava e era preciso bastante força pra desatolar os pés, passo a passo. Pra completar, cair era muito fácil, então, ver um monte de gente literalmente se afundando na lama não era difícil. Isso morgou bastante os shows. Simplesmente não havia um lugarzinho sequer pra descansar. Nenhum!!! Nem nos banheiros, área de lanches, mershandising, nada!!! Era lama até a canela em cada milímetro daquele madilto lugar!! E teve gente que falou mal de Interlagos. Interlagos era primeiro mundo perto dessa putaria que passei.
Após caminhar por mais de meia hora fazendo força e morto de cansado, cheguei a porra do lugar dos palcos. Tava começando o Anthrax. Não me atrevi a chegar perto nem tirar minha câmera de dentro da mochila que, naquela lama, se tornaria uma missão impossível. Tentei curtir o show, mas não consegui. Quando voce se conformava com a lama e tentava se manter em pé, algum filho da puta esbarrava em si e, sem querer, você era obrigado a fazer a "Dança do deixa-disso" e tentar não se lambusar na lama. Firme e forte, não caí!!!
Ao menos a puta da chuva parou e abriu um sol bonito em plena Suíça. Tarde demais, podia chover fogo que nada secaria aquela lama movediça do caralho!!! Fui tentar comprar algo pra comer. 10 francos um sanduíche e 10 francos uma coca-cola. Mandei se foder. Lembrei que tinha água de 2l na mochila (comprada a € 0,30 em Barcelona) e um pacote de biscoito bom pra caralho!!! (comprado a € 1.00, também em Barcelona) e assim comi. Como não tinha um lugarzinho sequer pra sair da lama, o jeito foi escalar um alambrado e lá tentar se equilibrar pra, abrir a mochila, tirar a camera, água, biscoito. Com muito esforço, consegui. Morto de cansado, porque cada passo que se dava, era preciso muuuita força, pois se atolava, marchei pra perto do palco um pra um show que eu queria muuuito ver.
Alice in Chains
Tava um bocado curioso pra ver o Alice in Chains ao vivo com o novo vocalista, após a trágica e triste morte do saudoso Layne Staley. O Alice in Chains voltou à ativa depois de anos em coma e, obviamente com um novo vocalista. William DuVall. Um clone do Lenny Kravitz. Não é uma banda de black metal, mas acho que não existe outra banda tão ligada à morte como esta. Detalhes a parte, os americanos fizeram um show pra lá de fodástico que me surpreendeu. Surpreendeu também a semelhança gritante da voz do atual vocalista com a do Laney Staley. Às vezes, me perguntava se não tava ouvindo playback, tamanha a semelhança. Uma grande banda ao vivo. Um grande guitarrista como chefão (Jerry Cantrell) e um famoso baixista que eu só conhecia de DVD's da época que ele tocou com o Ozzy (Mike Inez). Grande set list composto de clássicos como Down in a Hole, Would?, Rain when I die, Godsmack, We die young, Angry Chair e, claro, Man in the Box. Grande show. Ainda bem que, vou ter o privilégio de ve-los novamente em Bilbao, Espanha, no BBK Festival e em Pori, Finlândia, no Sonisphere Festival novamente. Espero que, dessa vez, sem lama. Grande show!!!
Megadeth
Após o show do Alice in Chains, o do Megadeth começou quase que instantaneamente no outro palco. Porém, lá íamos novamente fazer aquele esforço desumano de andar naquela lama pra chegar no outro palco. Ao menos um pouco perto. Consegui chegar perto, pois, logo na minha frente, tinha um grande espaço aberto. Não me atrevi a arriscar. Brasileiro aprende muita coisa, rapaz. Um metido a esperto se aventurou. Se afundou até o joelho...Era meu terceiro show do Megadeth, terceiro em menos de uma semana e, como sempre, Mr. Mustaine e companhia foram competentes como sempre. Desfilando suas lindas guitarras e uma confiança e segurança invejáveis, Mr. Mustain e CIA apresentaram os clássicos de sempre: Sweeting Bullets, In the Darkest Hour, Hangar 18, La Tote La Monde, Peace Sells...but who's buyng e etc. Se despedindo com sua voz de pato e um "We are Megadeth", os americanos deixam o palco satisfazendo a todos com seu excelente show.
Slayer
E finalmente, Slayer!!! Acho que tava ainda mais curioso de ve-los do que o próprio Alice in Chains e até o Metallica que já havia assistido em janeiro com meus amigos Fafá e Coxinha. Tive medo de abrir uma "Roda-mangue" no show dos americanos. Sim, os "homi" são brutais. Mas se há um show que faz tua raiva sair pelos poros é um show do Slayer. É tanta brutalidade que quando acaba você se sente mais leve, hehe. Não faltaram clássicos como Dead Skin Mask, War Ensemble, Angel of Death, Dead Skin Mask e pra fechar, claro, Raining Blood. Mas pareceu Raining Mud.
Motorhead
Assim como o Megadeth, seria meu terceiro show do Motorhead. Segundo em menos de uma semana, já que também os vi no Hellcife e no Download Festival em Donington, Inglaterra. Com sua tradicional voz rouca e humor inglês. Mr. Lemmy Kilmister entra no palco dizendo: "We are Motorhead and will play rock and roll". E começa a lapada, hehe. O set de sempre, uma saudação especial para nós brasileiros com Going to Brazil. Nessa hora, os suíços olharam com inveja pra mim. O único pontinho amarelo na lama, hehe. Os outros clássicos como Aces of Spades, Sacrifice e etc. Sem supresas mas eles são o Motorhead e apenas tocam rock and roll, hehe. Sem frescuras.
Metallica
E chegamos ao último show da noite. A última banda da turnê especial Big Four (Antharx, Megadeth, Slayer e Metallica). O Metallica entrou no palco por volta das 21h com um sol claro claro em Zurique. O público, bem frio e disperso até então se aglomerou pra ver o show. Não sei se foi bom ou ruim juntar as mais de 50 mil pessoas presentes naquele lama todo. Cada esbarrão que alguém dava tentando chegar mais perto do palco era um exercício de paciência e força pra se manter em pé. A "organização" suíça, além de ter cagado colossalmente com aquela lama toda, também cagou na iluminação. Circular enquanto as músicas do Metallica eram tocadas, era praticamente impossível já que não havia uma luzinha sequer pra clarear o caminho. Mesmo após o show. Um absurdo. Show beeem parecido com o de São Paulo. Fogos de artifício, Creeping Death abrindo, Fade to Black, Nothing Else Matters, Enter Sandman, Fight Fire with Fire com fogos de artifício, hehe, Seek and Destroy e tantas outras clássicas. O público suíço até que tenta. James Hetfield até que se esforça pra se empolgar. Mas o público suíço (mesmo com gente da Europa toda) é frio por natureza e, até quando tão empolgados, são frios. Meio broxante. Mas, outro grande show do gigante americano chamado Metallica. Que venha o próximo show. Um próximo álbum vem por aí, segundo eles. Brasil, resto do mundo? Depois dessa viagem maluca que to fazendo, nada mais é impossível. Esteja onde estiver, hehe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário