12 de setembro de 2011

Judas Priest & Whitesnake, Arena Anhembi, São Paulo – 10/10/11

“He is the PainkillerThis is the Painkiller...”

Recife, Brasil


Após acordar pra assitir o treino da Fórmula 1, às 9h, depois de ter ido dormir às 2h, não tava tão cansado quanto esperava, mas, mesmo assim, desmaiei às 11h e acordei às 14h com o despertador gritando no meu pé d’ouvido. Com as baterias devidamente carregadas, poderia comer uma típica pizza paulistana e me preparar pra sair da casa da minha amiga Cynthia umas 18h e chegar lá no Anhembi umas 19h sem pressa. E assim foi. Algumas estações de metrô depois, sem demora, lá estava esperando meu amigo Jayminho na estação Tietê que ficava relativamente perto do Anhembi. Uma boa caminhada duma meia hora e lá estávamos.




Chegar aos shows uns quarenta minutos é o ideal. Assim, você não fica em filas, o que odeio, nem perde energia e paciência pra curtir os shows sem problemas. O céu tava bem carregado e um pouco frio, mas ainda bem, não choveu. No máximo umas gotas aqui ali e nada mais. Garantia de show seco e tranqüilo. Com poucos minutos de atraso, pra alegria das meninas, o Whitesnake entrou no palco pra desfilar os clássicos do amor de Mr. David Coverdale. Sim, para alegria das meninas. Você não leu errado. Os marmanjos e a velha guarda que me desculpem, mas impossível não dedicar boa parte da fama do Whitesnake por deixar as gurias histéricas. Em algumas partes do show curto de cerca de 1h10, me senti num show duma boy band. Uma guria do meu lado (nem tão guria assim, aparentava umas trinta), gritava como louca a cada minuto coisinhas como: “David, seu gostoso, dá o seu amor pra mim!!”. E não foi só o Coverdale com seu charme de vovô galã, mas os dois guitarristas sexy-symbol, Reb Beach com suas requebradas, poses e suas mordidinhas de lábios e Doug Aldrich que fizeram a festa da mulherada histérica. O baterista, mais bruto, Michael Devin, com direito a solo de bateria com as próprias mãos deixou os cuecas malvadões mais satisfeitos.

Não sou um fã do Whitesnake, mas terei que tirar o chapéu pro show dos caras. Sem meias palavras, botaram pra foder. Beleza dos integrantes a parte, o show dos veteranos ingleses (embora da formação original, só o Coverdale permaneça, afinal a banda estave em coma por uns vinte anos e voltou a não tanto tempo assim), foi impecável. O som estava perfeito, com todos os instrumentos perfeitamente perceptíveis, com destaque para a bateria. Uma maravilha pros reclamões de som de plantão. Das dez músicas tocadas, o senhor do amor cantou Love ao menos uma vez em cada uma delas. Show de ótimos momentos, como a clássica balada “Is this Love”, duelo dos guitarristas bonitões, solo de bateria “roquenrou” com as próprias mãos, viradas de olhinhos de Mr. Coverdale mas, pra alegria da velha-guarda, o final foi mesmo porrada com o clássico “Burn” da época em que o senhor do amor esteve no Deep Purple. Uma quebradeira só pra deixar todo mundo aquecido pra atração principal da noite. Os também ingleses do Judas Priest na sua turnê de despedida. Com muitas pegadas e apertadas no saco, Mr. “Senhor do amor” Coverdale e sua banda de guitarristas galãs, deixou a todos satisfeitos, principalmente as gurias, mulheres, avós e toda a legião de mulheres que a banda estraçalhou os corações.




Pouco mais de quarenta minutos depois, com o cenário já montado e uma enorme bandeira escondendo o mesmo, a clássica “War pigs” dos conterrâneos do Black Sabbath servia de introdução pro show do Judas Priest. O Whitesnake fez o mesmo como introdução, só que com “My Generation” do The Who. Legal, bandas inglesas lendárias usarem como introduções de seus shows clássicos de suas bandas conterrâneas, igualmente lendárias. O Maiden faz isso até hoje com “Doctor Doctor”, também do The Who.

Abrindo com “Rapid Fire”, Mr. Rob Halford e sua trupe entravam no palco pra felicidade da metaleirada composta de gente na casa dos trinta pra cima. Vi poucos guris, o que é ótimo pra mim, pois sou um pouco impaciente, mas ruim pra banda que prova que não tem muitos fãs muito jovens, o que a faz com que seu público não se renove muito. Porém, o Priest já fez o suficiente na histórica da música pra se manter lendário do que precisar desses atuais adolescentes tão autênticos como tinta loira pra cabelo de Maria Chuteira.




O set list contou com praticamente uma música de cada um dos dezessete álbuns de estúdio da banda com poucas exceções. Clássicos como “Eletric eye”, “Painkiller”, “Metal Gods”, “Diamonds and rust”, que contou com uma belíssima versão. Metade balada, metade porrada, “Night crawler” e “Breaking the Law”, também não foram esquecidas. A banda executou com precisão seus clássicos. No auge dos seus sessenta anos, Mr. “Diva” Halford usou dos seus quase quarenta anos de experiência. Sabe que não consegue atingir seus agudos de vinte e trinte anos de idade, por isso, não força a garganta e canta com bastante técnica e abusa dos agudos apenas quando é preciso. Assim, não perde a voz e não passa vergonha.




Destaque pro belo cenário e boa produção preparada pelos ingleses. Pirotecnia na medida certa sem precisar de exageros. Fogos, fumaça, cruzes, belos panos de fundo, lasers na medida e projeções com as artes de muitos álbuns da carreira dos ingleses. Perdi a conta de quantas vezes o Rob Halford trocou de jaqueta durante o show. Numa das trocas, na execução de “Prophecy”, o metal god entra com uma capa de ferro e a tradicional cruz estilizada, símbolo do Judas Priest. Ao final da música, fogos de artifício saídos dessa cruz. Belo efeito.

O show foi bem longo, quase duas horas e vinte. A banda voltou ao palco não só pra um, mas pra dois bis. Pra um típico inglês bem sério, Rob Halford até que foi bem comunicativo durante o show e, pela primeira vez na vida, o vi sorrir. Os companheiros de banda, também ingleses-típicos, senhores na casa dos sessenta, também estavam bastante sorridentes. A performance da banda foi perfeita, mas, mesmo assim, não pareceu surtir muito efeito no público. O show inteiro foi bastante morno. O que realmente me fez sentir um pouco estranho pelo tamanho do público que era de cerca de trinta mil pessoas. Não há motivos pra isso. Nem culpados. A produção foi boa, não choveu, o som estava perfeito, mas, ainda assim, não foi aquele show memorável. Sem culpados, porém. Às vezes as coisas funcionam, às vezes não. Não é o fim do mundo e nunca será. Nem culpa de ninguém.

Show encerrado, lá vamos nós pro resto da aventura da vez. Chegar em casa. Uma caminhada beem longa de mais de trinta minutos do Anhembi pra estação Tietê. De lá, uma hora de chá de cadeira pra esperar o ônibus para o aeroporto de Guarulhos. Mais quatro horas d’outro chá de cadeira esperando o avião pra finalizar com outras três horas de vôo e, finalmente de volta ao Hellcife. Saindo do avião, outra correria pra assistir a corrida da Fórmula 1. Perdi a largada e outras quatro voltas, mas cheguei a tempo pra acompanhar todo aquele show de pilotagem que foi exibido em pouco mais de uma hora. Aos fãs de Fórmula 1, uma maravilha. E assim chegou ao fim mais uma de minhas tantas viagens, mais um de meus tantos shows, mais uma de minhas tantas aventuras. Em três semanas estaremos de volta à estrada, aos ares, aos aeroportos, estações, aos palcos e toda essa aventura que é viajar entre países e cidades pra acompanhar essas lendárias bandas. Rio de Janeiro, Rock in Rio, lá vamos nós. Enquanto houver tempo e oportunidade, assim continuaremos. Tudo de bom a todos.

Set List

Rapid Fire
Metal Gods
Heading Out to the Highway
Judas Rising
Starbreaker
Victim of Changes
Never Satisfied
Diamonds & Rust(JOAN BAEZ)
Prophecy
Night Crawler
Turbo Lover
Beyond the Realms of Death
The Sentinel
Blood Red Skies
The Green Manalishi (With the Two Pronged Crown) (FLEETWOOD MAC)
Breaking the Law
Painkiller

Bis

The Hellion/Electric Eye
Hell Bent for Leather
You've Got Another Thing Comin'

Bis 2

Living After Midnight

PS: Agradecimento mais do que especial ao Guilherme Oliveira da Time for Fun (T4F) que tornou esse show possível através da sua educação e credenciamento. Obrigado e até os shows do Pearl Jam e Roger Waters. Tudo de bom.

Blind Guardian, Via Funchal, São Paulo, Brasil – 09/09/11

"Tomorrow will take us away, far from home, no one will ever know our names..."

Recife, Brasil


Esse negócio de viajar é uma coisa desgastante. Toda vez que embarco numa me conformo que vão ser horas sem dormir e meus pés andarão bastante. Deslocamento da sua casa (seja onde for), pro aeroporto (seja como for), horas esperando no mesmo pelo seu vôo (seja pra onde for), o vôo em si (seja por qual companhia for), para chegada na cidade ou país de destino (seja qual for), para mais uma maratona final pra chegar ao seu destino final (esteja onde estiver). Mas não reclamo. É uma das coisas que me dá alegria nessa vida. E pouquíssimas coisas me entusiasmam nessa vida. Sou difícil de entreter.

Esperei longas seis horas no aeroporto até o meu vôo. Depois foram mais três horas e quarenta de vôo de Recife a São Paulo com quarenta minutos de brinde nada divertidos dando voltas no ar com direito a ola, aguardando a pista ser liberada. Depois, lá vamos nós pra mais duas horas no amado trânsito caótico de São Paulo, mesmo às sete horas da manhã. Após mais de um dia sem dormir, resolvi desistir e me concentrar no primeiro show da maratona do final de semana. Enquanto eu resolvia o melhor caminho pra chegar ao Via Funchal, o tempo lá fora tava tipicamente São Paulo. Agradável, mas não frio. E cinza. A mistura tradicional de poluição com céu nublado.




Cheguei ao Via Funchal por volta das 20h30. Uma meia hora antes do show de abertura duma banda paulistana chamada Brotherhood. Sou muito chato com bandas novas e tava muito cansado depois de mais de um dia e meio sem dormir. O que me deixa num estado quase catatônico e me torna ainda mais anti-social do que já sou. O humor vai pra casa do caralho e fico mais azedo que limão. Ou seja, pra desenferrujar o mau humor, o show da banda em questão tem que ser muito, mas muito bom. E foi. O vocalista era muito competente e as músicas tinham linhas pesadas e melódicas, muito interessantes. Mas a noite era mesmo dos alemães do Blind Guardian e por isso estava lá.

Primeiro show no Via Funchal. Bom lugar. Pequeno mas não apertado. Ótima visão, onde quer que você esteja. Alto ou baixinho (eu). Boa estrutura. Ruim apenas, pois estava a apenas a quinze estações de metrô com quatro trocas de trens. Lá depois da casa do cacete. Mais de uma hora pra chegar, pois alguém tinha se jogado (ou algo do tipo) nos trilhos e, por isso, o metrô tava operando em velocidade reduzida e com maior espera nas estações. Mas tudo bem. Pontualmente, às 22h, “os alemão” do Blind Guardian subiram ao palco e me trouxeram de volta o ânimo. Acho que a entrada duma banda diz muito sobre o restante do show. Acertei nessa ocasião. Os caras entraram “cá porra” e o público reagiu muito bem. E quando o público reage bem de cara, é jogo ganho. Uma pena apenas pelo som que tava bem sujo. Muito embolado. Mas, problemas a parte, a banda fez um show pra lá de competente.




Hansi Kürsch entrou com uma bandeirinha do Brasil na mão e, ao longo da apresentação ganhou uma irmã maior pra ilustrar o cenário da banda que, é claro, ficou bem mais bonito com a nossa gentil bandeira verde-amarela. O cidadão tem um gogó pra não botar defeito. Apesar de esforçado, o cara não é carismático e dominar um show com facilidade não é o forte dele. Lá no fundo (depende do seu ponto de vista), o cara é pra lá de tímido. Mas, não posso culpá-lo. Nem todos são como o Bruce Dickinson que, além de cantar uma barbaridade, corre sem parar, faz piadas e agitam até o mais desanimado dos seres. Mas o show não era do Iron Maiden e sim do Blind Guardian. Apesar de não ser carismático (o rapaz é apenas um velho nerd, ou vocês acham que basear uma carreira inteira falando de historinhas de O senhor dos anéis nas letras é o que?) o Hansi Kürsch faz bem seu papel de vocalista. Com perfeição. Dá uma pequena noção das suas letrinhas nerds antes de cada canção e dá uns graves com seu vozeirão pra fugir um pouco da sua timidez. Os guitarristas (André Olbrich e Marcus Siepen), bastante animados com a reação do público correram um bocado no palco. Acho que num show de rock and roll, correr no palco é fundamental pra agitar o público e deixá-lo maluco. Os caras que se virem pra serem atletas. Quero me empolgar num show, não dormir. E o show do Blind Guardian me empolgou bastante. Eu não dormia há quase dois dias e tava azedo, moribundo e catatônico, lembram? Pois bem, a performance dos caras foi tão boa que me fez esquecer desse detalhe por um momento.

O set list começou com “Sacred Worlds”, que abre o mais recente álbum “At The Edge of Time”, o que é uma boa pedida. A música começa com uma orquestra (reproduzida via sampler de teclado, claro) e logo emenda com uma patada no pé d’ouvido. O que é a melhor forma pra se começar um show de heavy metal. Com o público já alerta, veio outra lapada, “Welcome to Dying” com um refrão bem simples pra todo mundo cantar facinho: “Welcooome to dyiiiiiing”. Vieram outros clássicos como “Nightfall” e “Bright Eyes” pra tirar a voz de todo mundo logo no começo (era a única forma do vocalista poder cantar mais alto que o público, hehe). Desfilando clássicos, o momento marcante ficou por conta de “Valhalla”. A banda deixou o público cantar sozinho por uns bons minutos, acompanhado apenas pela bateria. Conseguiu emocionar “os alemão” a ponto de emendarem com a balada mais conhecida da banda “Lord of the Rings”. Depois, veio a quilométrica “And the there was silence” que, particularmente, gosto bastante, mas ao vivo não funciona tão bem. Fica meio maçante. E quando o som não tá tão bem como era o caso, também não ajuda. Pro bis, uma escolha errada ao meu ver como introdução. “Wheel of time” é muito fraquinha. Após uma esfriada de público, duas clássicas pra fechar com classe. “The Bard’s Song (In the Forest)”, acústica pra acenderem os isqueiros e “Mirror Mirror” pra perderem o restinho de voz já perdidos ao longo do show. Um show muito além da minha expectativa. Público excelente em número e em participação. Ao final do mesmo, era evidente a satisfação no rosto da banda e o no suor do público. Parabéns a São Paulo. Foi minha oitava vez na cidade e foi um dos espetáculos que mais o público participou e nunca vi tanta mulher bonita num show. Acho que vou mudar pra lá.




Na volta, pra não fugir da minha tradição, uma pequena aventura. Primeiro, eu tinha que descobrir onde era a parada do ônibus (difícil, pois a mesma não tinha nenhuma identificação, e não sou de São Paulo pra saber esse tipo de manha). Resultado, fui parar no outro lado da mesma sem a mínima noção. Sabia que tava perdido e voltei pra perto do Via Funchal quando vi um ônibus parado com um bando de gente de preto subindo. É claro que era aquele e era o último. Tive que, pela primeira vez na vida, atravessar a rua e correr como corno atrás dum buzão e pedir pelamordocão p’rele parar. Obrigado, seu motorista, salvou minha noite. Chegando à estação, por um mísero minuto, perdi o metrô. Era 0h01 da manhã e o próximo só às 04h40. O jeito foi negociar o resto do caminho com o taxista. Ele pediu 20 reais, eu disse que tinha 17,25. Ele aceitou e ufa, cheguei são em salvo à casa da minha amiga Cynthia pra, finalmente, poder domir. Não muito, tinha treino de F1 às 09h00. Mas, estar em “casa” numa cama quentinha já era suficiente.

Set list

1. Sacred Worlds
2. Welcome to Dying
3. Nightfall
4. Fly
5. Time Stands Still (at the Iron Hill)
6. Bright Eyes
7. Traveler In Time
8. Tanelorn (Into the Void)
9. Lord of the Rings
10. Valhalla
11. Majesty
12. And Then There Was Silence

Bis

13. Wheel of Time
14. The Bard's Song - In the Forest
15. Mirror Mirror

PS: Post dedicado à minha amiga Cynthia que, mais uma vez, me abrigou na sua casa em São Paulo na, sexta das oito vezes que fui a São Paulo. Tudo de bom pra tu, Cynthia menina, menina Cynthia.